sexta-feira, dezembro 22, 2006

SEU MELHOR PRESENTE!

“(...) Quando a gente exala o perfume do amor, da auto-aceitação, da fé em si mesmo, não tem como ser diferente, a gente vive ‘brilhando’ nosso perfume”.(CLAUDIA GIOVANNI)

Muitas pessoas ficam extremamente deprimidas nessa época do ano. Geralmente porque fizeram vários planos e eles não se tornaram realidade. Uns esperaram que houvesse mudanças, mas elas não aconteceram. Outros sonharam com coisas novas, um carro, um emprego melhor, um outro relacionamento, a compra da casa... E nada ou pouco disso aconteceu. O ano passou. Mais uma vez nem todos os objetivos foram atingidos. O coração fica triste, vazio, infeliz. A tristeza parece que toma conta e muitos preferem fugir. Dizem que essa é uma época triste. Eu já ouvi várias pessoas dizendo que odeiam o Natal. Por que será? Acredito que é porque muitos colocam prazos para este período. Prazo para ser feliz, prazo para conseguir mudar de vida, prazos, prazos, e mais prazos... Uma espécie de prestação de contas, ou melhor, de ‘suas’ contas consigo mesmo. E Natal não é isso! Não pode ser encarado como um momento de fazer cobranças. O Natal significa nascimento, significa o novo. Foi o dia em que Jesus nasceu. E ELE veio ao mundo para nos mostrar o que é ser feliz de verdade. Deu-nos o maior exemplo de amor, fraternidade, humildade. Deixe esses sentimentos nascerem dentro de seu coração também. Como é que alguém pode achar o dia do nascimento deste grande mestre um dia triste? Não. Definitivamente não pode ser.

Muito dinheiro no bolso, paz, saúde pra dar e vender... É o que todos desejam uns aos outros. É o que todos almejam. Mas eu quero desejar algo diferente. Desejo simplesmente que você se ame. Isso mesmo: AME-SE! Se você conseguir praticar esse amor, todo o resto é conseqüência. São poucos os que são estimulados a se conhecerem, reconhecerem suas qualidades e defeitos, suas vontades e paixões. A maioria de nós está preocupada em satisfazer o outro, em superar as expectativas que o mundo coloca sobre as nossas costas. Não temos que carregar nenhuma cruz. Jesus já se encarregou de fazer isso por nós. Devemo-nos aceitar como somos, reconhecendo sim, as nossas limitações, mas, sem culpa, sem julgamentos tão rígidos ou cobranças excessivas. O importante não é acertar sempre, mas, tentar sempre, desistir jamais. É fazer de nossas falhas, caminhos que levam à maturidade. E, conseguirmos entender que os erros fazem parte deste processo de crescimento, já é um grande passo para fortalecer esse amor.

Já que gostamos tanto de estipular metas para cada início de ano, eu proponho que nós coloquemos o nosso amor próprio como principal objetivo para todos os anos daqui pra frente. E, assim, como nessa época as pessoas aproveitam para fazer aquela faxina geral em seus lares, que tal fazermos uma faxina dentro de nós? É isso aí. Assim como você decora sua casa com enfeites, bolas coloridas, árvores lindas, decore sua alma também! Plante a árvore da esperança em seu coração, jogue fora os sentimentos negativos, retire do fundo do baú aquela lembrança mais alegre e pendure-a num lugar bem visível. Nosso Pai do céu nos disse que a fé move montanhas. Então acenda as luzes da fé dentro de você e seja reflexo da felicidade para todos à sua volta. E quando sua casa já estiver assim, tão bem preparada, convide o aniversariante e compartilhe com ELE o melhor presente que você poderia lhe oferecer: seu amor pela VIDA!

por Flávia Carvalho

sexta-feira, dezembro 15, 2006

QUEM CALA NEM SEMPRE CONSENTE!

“(...) porque calando nem sempre quer dizer que concordamos com o que ouvimos ou lemos, mas estamos dando a outrem a chance de pensar, refletir, saber o que falou ou escreveu. Saber ouvir é um raro dom, reconheçamos. Mas saber calar, mais raro ainda”. (CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)

Existem momentos em que precisamos pensar; Outros em que precisamos escrever; Outros em que precisamos conversar, expor idéias; Outros em que precisamos ouvir. Mas existem momentos também, em que precisamos apenas calar. Muitas vezes, na ânsia de resolver problemas ou prever resultados, acabamos esquecendo esta preciosa forma de comunicação: o silêncio! Isso mesmo, ficar em silêncio nem sempre significa ausência de uma resposta ou indiferença. O calar é, antes de qualquer coisa, estar presente. Estamos desaprendendo o valor do silêncio e parece que vale tudo para preenchê-lo. Daí os imensos discursos vazios, diálogos superficiais e respostas infundadas. Quem cala nem sempre aceita o que o outro está dizendo, mas respeita. E pode ser até uma forma de fazê-lo refletir.

Por que sempre achamos que as pessoas precisam de uma palavra amiga? Muitas vezes o silêncio pode ser mais sincero do que qualquer frase. Tem dias que não sabemos o que falar ou como falar para dar conforto. Então é melhor calar, porque quem cala realmente fala ao coração. E é tão bom quando conseguimos restaurar forças e acalmar com apenas um sorriso, um gesto, um olhar... Eu sempre falei muito. Ainda preciso praticar bastante a ‘arte’ do silêncio. Quero continuar aprendendo a reavaliar meus momentos, sentimentos, meus ‘diálogos’ e ‘monólogos’. Mas quero saber calar se não for a hora de dizer. Posso machucar. E sei que já magoei muitas pessoas por me exceder nas palavras. Hoje eu entendo que o silêncio pode ser a ausência de sons, mas nunca de sentimentos. Dizem que a palavra vale prata e o silêncio vale ouro. Então deve ser por isso que Deus nos deus dois ouvidos e uma só boca, para que possamos ouvir mais e falar menos.

“Na juventude aprende-se a falar. Na velhice, a calar. Este é o grande defeito do homem: ele aprende a falar antes de saber calar...” (RABI NACHMAN DE BRESLAV)

por Flávia Carvalho

quinta-feira, dezembro 07, 2006

PROVIDÊNCIA SIM, ACASO TALVEZ, COINCIDÊNCIA NÃO!

Você sonha a noite inteira com uma pessoa. De repente o telefone toca e te acorda. É ela. Você pensa muito em alguém e resolve escrever para ele. Abre seu e-mail e a resposta já está lá, antes mesmo que a mensagem fosse enviada. Um dia comum. Um dia ‘normal’. Você sai de casa ou do trabalho, conhece uma pessoa que te faz sentir algo que você desejava muito sentir. Um certo alguém te fala coisas que você realmente precisava ouvir. Parece que todas as coisas estão ligadas, não é? Pois sim, realmente estão! Desvarios à parte, este fenômeno existe e chama-se ‘sincronicidade’. A concepção da idéia é do psicanalista Jung e sua principal característica é uma significativa relação entre uma vivência interior e um evento exterior, ou seja, por meio de uma silenciosa e misteriosa troca de energias, as nossas necessidades internas são alimentadas pela realidade exterior. Geralmente ocorrem sem aviso e sem planejamento. E é aí que está o mistério singular. É a sincronicidade que nos faz confiar mais na vida, nos faz acreditar que ela sempre nos enviará a experiência certa, no momento certo. Para Jung, essa energia está presente em todos nós, mas, muitas vezes, não conseguimos perceber esse fenômeno. É como se os olhos se fechassem para os sinais que recebemos. Então preferimos chamá-los apenas de simples ‘coincidências’.

Acredito que para percebermos a sincronicidade, e toda sua essência, precisamos estar preparados. Isso ocorrerá quando conseguirmos colocar a nossa intenção em tudo aquilo que fizermos; quando entrarmos num estado de tranqüilidade, paz interior e quando estivermos abertos às experiências. Sinceridade, coragem, paixão pela vida, capacidade de viver o momento: esses são os caminhos que levam até essa dimensão. Conhecer-se bem, saber o que se quer, caminhar na direção do que se precisa: esses são os atalhos que devemos pegar. Quando a sincronicidade se manifesta, com certeza está nos preparando para alguma coisa. Talvez seja a hora de corrigir erros, resgatar sentimentos, rever conceitos... Mude a pergunta. Ao invés de perguntar “por quê?” pergunte-se “para que?”. Tenho absoluta certeza de que as respostas serão outras. Pare de tentar controlar e de se controlar! Arrisque. Viva. Deixe-se surpreender! E fique atento quando esses fenômenos acontecerem novamente. Preste atenção! Você poderá viver cada momento com uma intensidade maior e transformá-lo em uma oportunidade real de aprendizado e crescimento. Muitas vezes os fenômenos “sincrônicos” podem ser pequenos milagres em sua vida, ou podem, simplesmente, ser o momento de algumas respostas para suas tantas indagações.


“Ouvir bem seus desejos é fundamental para uma fiel relação de energias com a vida. O que a gente de fato quer, nem sempre corresponde àquilo que a gente pensa que quer...” (DOUCY DOUEK)


por Flávia Carvalho

sexta-feira, dezembro 01, 2006

VIVER OU NÃO VIVER: ESTA É A QUESTÃO!

“O Universo não é uma idéia minha. A minha idéia do Universo é que é uma idéia minha. O único mistério do Universo é o MAIS e não o MENOS. Percebemos demais as coisas — eis o erro, a dúvida. O que existe transcende para mim o que julgo que existe. A Realidade é apenas real e não pensada." ALBERTO CAEIRO (Heterônimo de Fernando Pessoa).


Que bom seria se esperássemos menos e vivêssemos mais. Se percebêssemos menos e sentíssemos mais. Se julgássemos menos e compreendêssemos mais. Devo admitir que este ‘MAIS’ é muito difícil. Será que quando estamos vivenciando uma determinada situação, somos capazes de olhar de fora e questionar porque estamos ali? Será que as coisas têm que ser sempre opostas? Assim como o oposto do dia é a noite, do claro é o escuro, será que o oposto do sonho é a realidade? Mas o que é realidade e sonho? Qual deles permanece? Parece que existem dois mundos distintos: sonho e realidade. Uns procuram viver só no mundo real, outros querem viver no famoso “da lua”. Eu acredito que podemos e devemos viver em ambos. A minha vida tem sido uma mistura dos dois. Não acredito que sonho e realidade sejam opostos, prefiro acreditar que eles se completam. E para sermos completos temos que permitir certas experiências de fracasso, de fraqueza, de tristeza. Não podemos ser fortes o tempo todo. Algumas vezes a realidade dói, mas temos que enfrentá-la.

Não podemos viver achando que o mundo é uma maravilha, que não existem problemas, que não existem tristezas. Com o tempo as flores murcham, os heróis adoecem, os belos envelhecem, os príncipes podem virar sapos e as princesas pererecas. É como se o destino nos acordasse violentamente de um sonho. Mas também não podemos viver achando que não existem pessoas honestas, sinceras, fiéis, que todo mundo é egoísta e que os sentimentos não podem ser verdadeiros. Alto lá! Assim como a unanimidade é burra, eu diria que todo extremo é, no mínimo, covarde. Sei que é muito difícil não fugir quando sofremos alguma decepção ou quando um sonho se desvanece, mas sei também que não devemos ficar eternamente querendo saber os ‘porquês’disso ou daquilo ter acontecido. O universo muda as perguntas. Não adianta conhecer as respostas anteriores. Dali por diante é uma nova experiência, uma nova vida, são novos sentimentos. A realidade já me foi cruel por várias vezes. Apresentou-se nua e crua como costumam dizer por aí. Fiquei incrédula, senti um aperto na alma, quase quis desistir de sonhar, mas percebi que nada pode ser maior do que o meu sonho. Pode até parecer paradoxal, mas é sonhando que vivo a realidade, porque “a realidade, nada mais é do que o sonho perseguido com determinação e constância em nosso dia-a-dia". Tenho certeza de que pessoas se decepcionariam MENOS, chorariam MENOS, sofreriam MENOS se realmente conseguissem viver MAIS!

"... há sem dúvidas quem ame o infinito, há sem dúvidas quem deseje o possível, há sem dúvidas quem não queira nada. Há 03 tipos de idealistas, e eu, não sou nenhum deles. Porque amo infinitamente o finito, porque desejo impossivelmente o possível, porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, ou até se não puder ser ... " (FERNANDO PESSOA)

quinta-feira, novembro 23, 2006

UM AMOR DE PAIXÃO

“Eu não acho que você tenha medo de morrer, acho que você tem medo é de viver!” (ELSA)

Existem certos livros e filmes que nos marcam de uma maneira intensa. Aqueles que a gente assiste uma, duas, dez vezes e não se cansa. Então, hoje eu gostaria de acrescentar “Elsa e Fred” à minha lista. Este filme é uma linda história de amor. Mas uma história bem diferente daquelas que estamos acostumados a ver nas telinhas. O mocinho e a mocinha em questão têm mais de oitenta anos e nos ensinam a aproveitar o que a vida tem para nos oferecer. É uma história de um amor verdadeiro, de um sentimento tão possível e passível de acontecer! Aquele amor que completa, que preenche e que nos faz sentir vivos! De um lado está um senhor viúvo, hipocondríaco, que só reclama da vida. Está sempre esperando a sua ‘hora’ chegar. Do outro, uma senhora que, mesmo em fase terminal de uma doença grave, acredita que a vida merece ser vivida intensamente, dia após dia, até o fim. Elsa apresenta a Fred um mundo novo, cheio de possibilidades e surpresas. Em pouco tempo ela fez com que ele vivesse e descobrisse sentimentos que em muitos anos nunca foi capaz de sentir. Resumindo: nunca é tarde para começar e para amar! As pessoas planejam tanto o amanhã, que passam a viver por um futuro que talvez nem aconteça. Muitos se esquecem de que o tempo que está acontecendo é o agora. Por isso esta história não é somente uma lição de vida, mas é principalmente uma homenagem à vida e a todas as possibilidades que ela nos oferece de sermos felizes até mesmo quando pensamos que chegamos ao fim da linha. Muitas vezes este ‘fim’ pode ser apenas um belo começo...

"Se leva muito tempo para aprender a ser jovem" (PICASSO)

quinta-feira, novembro 16, 2006

DESISTIR???? JAMAIS!!!

“E já que a dor é o preço que se paga pela chance espetacular de existir, desejo que você ouse, que você pare de se defender o tempo todo e ame, dê o seu melhor, faça tudo o que estiver ao seu alcance, e quando achar que não dá mais, que não pode mais, respire fundo e comece tudo outra vez...” (ROSANA BRAGA)

Por que as pessoas desistem tão facilmente de seus sonhos, de seus ideais, de seus amores e relacionamentos? Esta é um pergunta que me intriga. E não somente a mim, mas sei que a muitas pessoas também. Muitos desistem antes mesmo de tentar. E tudo isso por quê? Com medo do sofrer, com medo da dor, com medo de sair da ‘zona do conforto’? Que medo é esse de ir adiante, de abrir a porta para saber o que está do outro lado? O medo nos enfraquece, nos impede de seguir em frente. Ficar nessa “zona” onde tudo é conhecido e previsível, na minha opinião, é um tédio. Já disse uma vez e volto a repetir: Isso não é viver, é sobreviver. Depois de alguma experiência que não saiu da maneira como queríamos, não podemos simplesmente desistir de tentar mais uma vez. Quem garante que da próxima vez também não irá dar certo? E na próxima depois da próxima? A vida é assim mesmo: uma sucessão de altos e baixos, erros e acertos, alegrias e tristezas, surpresas e decepções. Mas, sobretudo, um contínuo aprendizado! Não é porque não deu certo com um amor que não vou mais amar na vida. Não é porque o outro não me valorizou como eu merecia que ninguém mais o fará. Não pode ser assim. Não podemos desistir. A vida é um grande risco, o amor também é. E se não arriscarmos, nunca saberemos até onde conseguiremos ir.

É uma pena saber que o mundo está rodeado por pessoas que preferem a ‘zona do conforto’. Eu prefiro sentir o frio na barriga diante do inusitado. Prefiro a ansiedade do novo. Enfim, eu prefiro viver e continuar acreditando naquele famoso ditado popular que diz: depois da tempestade vem a bonança. E se o preço da vida é tão alto, que eu não aceite fiado jamais. Que venha de novo toda dor, toda angústia, todo sofrimento que machuca, que deixa marcas no meu coração, que me faz perder o aprumo depois de tantos encontros, desencontros, desenganos e desilusões. Mas que eu nunca deixe de me iludir, de fantasiar! E mesmo querendo tanto acertar, que eu possa errar de novo, machucar-me de novo, sarar de novo, mas, acima de tudo, que eu possa AMAR de novo e, assim, continuar seguindo o caminho desse breve espaço de tempo percorrido entre o nascimento e a morte chamado VIDA!


“...você pode desistir de um caminho que não seja bom, mas nunca de caminhar...Pode desistir de uma maneira equivocada de agir, mas nunca de ser você mesmo...Pode desistir de um jeito falido de se relacionar, mas nunca de abrir seu coração...” (ROSANA BRAGA)



por Flávia Carvalho

quinta-feira, novembro 09, 2006

VOCÊ TOMA O VENENO MAS ESPERA QUE EU MORRA?!?!

"O ódio espuma. A preguiça se derrama. A gula engorda. A avareza acumula. A luxúria se oferece. O orgulho brilha. Só a inveja se esconde."

Sempre existe um momento na vida em que pensamos: Tá bom, já chega. Isso é o bastante! Mas o bastante nunca é suficiente. E outra coisa acontece. Mais uma vez você diz: Agora pronto, não agüento mais. Cheguei no meu limite! Mas qual será nosso limite de fato? Acredito que somos muito mais fortes do que imaginamos. E a cada decepção, a cada sofrimento, vamos descobrindo e redescobrindo uma força interior. Coisas que, antes pareciam tão grandes, agora tornam-se proporcionalmente pequenas. E sentimentos tão traiçoeiros tornam-se dignos de pena. Para mim a inveja é um deles. Mas o que deixa as pessoas invejosas? Será que é solidão? Dor? Descontentamento? Será que são todos esses sentimentos juntos? Quantos olham para sua própria alma? Às vezes me assusto com a cegueira de certas pessoas. A inveja é um sentimento destruidor, muitas vezes fatal. Acredito que ela nasça da incapacidade do ser humano de olhar para dentro de si mesmo e ver o que há de bom em seu interior. São pessoas que não conseguem enxergar nada. Têm uma baixíssima auto-estima.

O invejoso acha que a culpa de seu fracasso é o sucesso do outro. E está sempre torcendo contra a felicidade: a do próximo e a dele também. Isso me faz lembrar algo que li certa vez: (...) quem tem luz própria não precisa apagar a luz de ninguém (...) Às vezes a nossa luz tem um brilho tão forte que incomoda. Por que não buscar um feixe de luz dentro de si, ao invés de tentar ofuscar o brilho de quem está iluminado? Pessoas invejosas não querem o que você tem. É pior. Querem que você NÃO tenha. Que triste! É lastimável! A inveja é um sentimento doloroso e angustiante, porque, com certeza traz consigo um sofrimento, uma impotência que só se mostra interiormente. Por isso dizem que a inveja “se esconde”. Já fiquei muito chateada por sentirem inveja de mim. Já me decepcionei com muitas pessoas, já me surpreendi com outras. Já sofri, já chorei, já falei e já calei. Hoje eu ESTOU diferente, mas não SOU diferente. Repensei os meus conceitos. Agora prefiro acreditar que se alguém me inveja, certamente é porque tenho algo de muito bom.

“A inveja é o mais dissimulado dos sentimentos humanos, não só por ser o mais desprezível, mas, porque se compõe de um conflito insolúvel entre a aversão a si mesmo e o anseio de autovalorização, de tal modo que a alma dividida fala para fora com a voz do orgulho e para dentro com a do desprezo, não logrando jamais aquela unidade de intenção e de tom que evidencia a sinceridade.” (OLAVO DE CARVALHO)


por Flávia Carvalho

sexta-feira, novembro 03, 2006

COMPLICADA OU PERFEITINHA?

“(...) Deixa-me errar alguma vez, porque também sou isso: incerta e dura. E ansiosa de não te perder agora que entrevejo um horizonte. Deixa-me errar e me compreende porque se faço mal é por querer-te desta maneira tola, e tonta, eternamente recomeçando a cada dia como num descobrimento dos teus territórios de carne e sonho, dos teus desvãos de música ou vôo, teus sótãos e porões e dessa escadaria de tua alma (...)” LYA LUFT

Ninguém é perfeito! Quase todos os dias você escuta ou fala essa frase, não é verdade? E já que ninguém é assim, porque será que o ser humano insiste tanto em esperar pela perfeição? No dicionário, a definição de PERFEITO é ‘tudo aquilo que não tem defeito físico ou moral; que tem tudo o que lhe pertence ter.’ Nós estamos em constante processo de mudança e crescimento. Se realmente existisse perfeição em tudo, a humanidade não evoluiria. Nada mudaria simplesmente porque não precisaria mudar. Já que ‘ela’ iguala os seres, na minha opinião, seria um tédio viver num mundo onde não existissem pessoas diferentes. A perfeição é uma utopia! Acreditar nessa idéia quimérica só dificulta os relacionamentos e nos faz sofrer. As expectativas estão altas demais. As pessoas estão sempre cobrando do outro algo que só existe em suas próprias cabeças; por isso tantas separações, tantos desencontros, tantas desistências. É claro que é importante querermos e buscarmos o melhor, mas todos erram, desiludem, decepcionam... Realmente o ser humano é esquisito. Cria um mundo paralelo, com uma espécie de roteiro cinematográfico de cenas irretocáveis, momentos primorosos e vidas ideais. Acaba sofrendo porque esquece que o principal ator e diretor desse filme é ele mesmo, e o outro não tem obrigação alguma de saber ou participar deste enredo.

Eu não acredito mais em perfeição. Acredito em maturidade. Ao invés de buscarmos uma pessoa perfeita, porque não buscamos uma pessoa madura? E a maturidade não é atingida com a perfeição, pelo contrário, quanto mais erramos, mais amadurecemos. Ser maduro é isto: reconhecer que vamos continuar a errar, mas com capacidade de rever nossas atitudes e corrigi-las. Eu mesma, durante muito tempo, quis ser a perfeitinha. Isso não me acrescentou em nada! Hoje sei que não sou perfeita, nem quero ser. Já errei muito e não tenho problema em reconhecer isso. Não tenho vergonha de ser, nem de querer. Não preciso de rótulos e máscaras. Tenho orgulho de me conhecer, de me aceitar e de saber dialogar com meus ‘eus’ interiores quando necessário. Eu prefiro a ‘complicada’ maturidade. Afinal de contas, o complicado nunca será perfeito, a menos que o perfeito seja ‘ser complicado’.

“(...) Deixa-me errar, mas não me soltes para que eu não me perca deste tênue fio de alegria dos sustos do amor que se repetem enquanto houver entre nós essa magia (...)” LYA LUFT


por Flávia Carvalho

sexta-feira, outubro 27, 2006

ENCONTROS, DESENCONTROS E REENCONTROS (parte II)

“...embora diga sabiamente a música ‘quem sabe faz a hora, não espera acontecer’, tem ocasiões nesta vida em que quem sabe espera acontecer e respeita a hora de não fazer.” (ROSANA BRAGA)

Será que vale a pena viver à espera de uma decisão do outro? Até que ponto vale a pena lutar por um amor? Muitas vezes costumamos apontar o dedo na cara de alguém dizendo que ele tem determinado comportamento ou defeito que é intolerável. Mas dificilmente somos capazes de reconhecer que também temos defeitos e comportamentos que para algumas pessoas são igualmente insuportáveis. É preciso o respeito, a compreensão, a doação. Quando nos conhecermos e compreendermos melhor nossas atitudes, seremos capazes de nos perdoar e nos amar. E assim será muito mais fácil compreender e perdoar o outro. E, consequentemente, amá-lo. Em primeiro lugar é importante entender que não podemos mudar o outro, ninguém pode. Mas podemos e devemos mudar a nós mesmos. Descubra o que você já fez para melhorar o seu “amor”. Pare de classificar o outro como bom ou mau, inocente ou culpado. Amadureça! E amadurecer é ter coragem de enfrentar seus medos e anseios dentro de um relacionamento, tendo a humildade de reconhecer que algumas coisas podem e devem ser mudadas em você. Mergulhe no mais profundo silêncio interior e encare suas limitações. Olhe para seus próprios erros e reconheça o quanto você já tentou impor suas vontades, muitas vezes equivocadas, o quanto você já deixou de zelar, de cuidar desse amor. O sofrer também faz parte do amar. Mas que seja apenas uma ponte para se chegar até o outro lado e não um abismo que o impeça de seguir em frente.

O amor é um sentimento extraordinário que pode transformar as nossas vidas, se assim o permitirmos. Para construirmos um relacionamento em nome do amor devemos estar preparados para o amadurecimento que ele exige. Agora se deixarmos os problemas e as dificuldades tornarem-se abismos e não pontes, realmente o sentimento estará fadado ao fracasso. Como diz a canção: “não existiria som, se não houvesse o silêncio. Não haveria luz se não fosse a escuridão. A vida é mesmo assim, dia e noite, não e sim”. E é mesmo. Assim como o sorriso perderia sua intensidade se não existisse a lágrima, o amor perderia um pouco de sua grandeza se não existisse o sofrimento. Muitos podem até discordar, mas, na minha opinião, o amor não seria tão enriquecedor, tão sublime e tão transformador se não fosse pela dor. Isso mesmo, a DOR. Porque a dor transforma, eleva, engrandece, amadurece. É a dor do aprendizado, do crescimento. Mas também existe a dor da destruição, da inércia. Mais uma vez cabe a nós a escolha. E ninguém pode escolher por nós. “Se insistirmos em não aceitar, em brigar, em nos rebelar, em nos revoltar, conseguiremos tão somente mais dor... e menos amor” (ROSANA BRAGA).

Então volto às minhas perguntas iniciais: Será que vale esperar a decisão do outro? Até que ponto vale a pena lutar por um amor? Se você já refletiu sobre suas atitudes, já fez de tudo para melhorar, mudar e cresceu com isso, acredito que SIM. É possível resgatar uma relação entre duas pessoas que se amam, apesar de todos os medos, imperfeições, inseguranças e até mesmo dos possíveis erros que estão por vir! Mas lembre-se: qualquer relacionamento só pode existir com dois, nunca apenas com um! E o outro também deve estar disposto a lutar. Este é o amor que deveria ser praticado por todos. Aquele que já caiu e levantou, aquele que já se feriu e se curou, aquele que a chama quase se apagou, mas, com o sopro do perdão, conseguiu reacender.

“Você não se sente sem esperança porque não existe solução, mas, sim, acredita que não exista solução precisamente porque sente muito medo. Não deixe seu amor morrer de medo ou de susto. Lute por ele! " (MARIA HELENA MATARAZZO)



por Flávia Carvalho

quinta-feira, outubro 19, 2006

E É MORRENDO QUE SE VIVE...

“Entendi que a vida não tece apenas uma teia de perdas, mas nos proporciona uma sucessão de ganhos. O equilíbrio da balança depende muito do que soubermos e quisermos enxergar.” (LYA LUFT)

"A gente só dá valor quando perde".
Sem dúvida alguma, esse é um dos ditados mais famosos que não sai da boca do povo. Durante toda a vida, estamos sempre perdendo e ganhando. Desde que nascemos já temos que aprender a conviver com as perdas. Precisamos perder o conforto do útero para ganhar o mundo. E a vida é assim mesmo: quando se ganha alguma coisa, com certeza outra se perde. Como ganhar conhecimento sem perder horas estudando? Como ganhar na mega sena sem perder o dinheiro da aposta? Como ganhar maturidade sem perder a juventude? Por aí vai... Mas a tendência das pessoas é sempre valorizar mais a perda do que o ganho. Claro que na dor é muito difícil vislumbrarmos o que de bom aquilo pode nos trazer. Mas só existem duas opções diante dessa situação: fixar o olhar no passado sem viver o presente e negar qualquer possibilidade de um futuro, ou então, seguir o intrépido rumo que a vida nos oferece.

Certa vez Nietzsche escreveu que “a maior diferença entre um homem e uma vaca era que a vaca sabia como existir, como viver sem angústia no bendito presente, sem o peso do passado e a preocupação com os horrores do futuro. Mas nós, humanos infelizes, somos tão perseguidos pelo passado e pelo futuro que só podemos passar rapidamente pelo presente”. Então o melhor a fazer, pelo menos o que EU procuro fazer hoje, é deixar as tristezas e decepções para trás. O passado é minha história. Uma história cheia de erros e acertos, perdas e ganhos. Mas essa história deve permanecer apenas na minha lembrança. Não posso permitir que as lembranças voltem para me importunar e atrapalhar o meu presente. E quanto ao futuro, quando ele chegar eu decido o que fazer pois a minha única certeza é de que se sigo perdendo, certamente é porque continuarei a ganhar.

"... acho que a vida é um processo... É como subir uma montanha. Mesmo que no fim não se esteja tão forte fisicamente, a paisagem visualizada é melhor.” (LYA LUFT)



por Flávia Carvalho

sexta-feira, outubro 13, 2006

DECIDA-SE

“...você precisa agora aprender a reconhecer sua vida e a ter a coragem de dizer ‘Assim escolhi!’ O espírito de um homem se constrói a partir de suas escolhas...” (Quando Nietzsche chorou - Irvin Yalom)

Esse livro me fez refletir sobre escolhas. Por que temos escolhas? Será que é bom termos escolhas? Será que seríamos mais felizes se tivéssemos uma espécie de mapa para nos guiar pelos caminhos da vida? Às vezes seria mais fácil e cômodo termos um ‘manual’ ou até mesmo alguém que escolhesse por nós, como na infância. Nessa época são sempre nossos pais que decidem por nós. Escolhem nossas roupas, nossa comida, nossas escolas, nossos amigos, escolhem até o que vamos ser quando nos tornarmos adultos. Mas o tempo passa e nós crescemos, ou melhor, precisamos crescer. É aí que devemos aprender a tomar decisões. E cada decisão é uma escolha. São elas que nos tornam mais ou menos felizes, porque até a própria felicidade é uma escolha. Podemos escolher o que vamos fazer hoje. Podemos escolher que atitude tomar diante da vida e das pessoas. Podemos escolher entre falar e calar, entre amar e odiar, entre querer e não querer, enfim, podemos escolher como viver. Mas claro que nossa mente é traiçoeira e há momentos em que paramos para pensar nas escolhas que fizemos. Começam os questionamentos. Como será que eu estaria hoje se tivesse tomado outra decisão? E se eu tivesse escolhido outro caminho? Isso é normal. Pensar é normal, afinal de contas somos humanos. O que não podemos é nos condenar ou deixar que os outros nos condenem por decisões tomadas. Isso não. Existem pessoas que vivem com um vazio enorme por conta de escolhas ‘erradas’ e ficam presas ao passado, às decepções, às tristezas, aos arrependimentos, à culpa. É preciso aprender a lidar com os erros, sem transferi-los para mais ninguém.
Eu faço as minhas escolhas. Sei que já fiz escolhas erradas. Muitas! Já sofri, já chorei, já ri, já lamentei. Mas procuro não me arrepender. Sei que nem sempre tudo acontece ou vai sair como planejei, da maneira que eu queria, mas, nessas horas, é melhor seguir em frente aprendendo com os erros do que se arrependendo deles. Como citado no livro, cada escolha errada molda nosso espírito. Minhas escolhas moldaram meu caráter, minha alma, e graças às minhas más decisões pude me tornar alguém melhor. Eu já deixei que muitas pessoas escolhessem por mim, tomassem decisões no meu lugar. Mas cansei. Cansei de conselhos. Cansei de seguir o caminho dos outros. Estou trilhando meu próprio caminho, com minhas íngremes subidas e súbitas descidas. Sei que muitos obstáculos podem e vão aparecer. Mas a mim só cabem duas alternativas quando encontrá-los: ser forte ou fraca diante deles. Não quero mais que os outros me digam o que é certo ou errado, o que devo ou não fazer com minha vida e como fazer. Sei que existem decisões que envolvem duas, três, dez ou mais pessoas, mas sei também que as decisões mais importantes são aquelas que envolvem apenas uma: EU mesma!

“Devo meu sucesso às minhas boas decisões. E devo minhas boas decisões à minha experiência. E devo a minha experiência às minhas más decisões do passado”. (Henry Ford)


por Flávia Carvalho

sexta-feira, outubro 06, 2006

UM RASTRO DE LUZ

“Um adeus. Uma decisão. Uma espera. O amanhã é sempre presente e passível de ser alcançado. Mas, num ponto singular do tempo, tudo muda completamente. O adeus não é mais possível. O amanha não vai acontecer. O instante de tão efêmero se torna eterno. Nada mais se pode fazer a não ser sentir. Saudade. Ausência. Dor. Tenta-se imediatamente recuperar o segundo anterior. Mas este já não existe mais. Somos os únicos que temos pelo menos uma certeza. E é exatamente para ela que nunca nos preparamos...” (ADAUTO MENEZES)

É muito difícil expressar qualquer tipo de palavra diante de acontecimentos tão inesperados, rápidos e lastimáveis. Realmente não há o que questionar, o que falar, nem onde buscar explicações para o que aconteceu. Claro que na dor é quase impossível sermos tão práticos assim. Sempre queremos um por que, um para que... E é por isso que eu admiro demais a força e a garra que nascem no coração de algumas pessoas nesses momentos tristes e avassaladores. São pessoas que, mesmo na dor, conseguem transmitir paz e tranqüilidade para o próximo, conseguem enxergar além. Isso é grandioso. Realmente o ser humano é mesmo incrível, esquisito, simples, complexo, puro, óbvio, incongruente... SURPREENDENTE! Há uma palavrinha esquisita, de significado pouco conhecido, que expressa pouco do que quero dizer. Chama-se “resiliência”. O conceito vem da física: é a propriedade que alguns materiais apresentam de voltar ao normal depois de submetidos à máxima tensão. Trazendo para nossa realidade poderíamos dizer que é a capacidade do ser humano de lidar com problemas, superá-los e até de se deixar transformar pelas adversidades.
AMIGO QUERIDO, você é um desses raros e magníficos seres ‘resilientes’! Surpreendo-me a cada dia com sua vontade de seguir em frente e sorrir diante da vida mesmo quando tudo parece triste. Admiro a sua capacidade de enxergar um rastro de luz, quando para muitos só há a escuridão. ‘Resiliente’ é aquele que escolhe lutar. Que Deus continue te dando sempre essa força que acalenta, revigora e que te faz seguir em frente, mesmo tendo que desistir de alguns caminhos, porém sem nunca desistir de caminhar!


“Tenho talvez a ingenuidade de acreditar que tudo faz algum sentido, e que nós precisamos descobrir - ou inventá-lo” (LYA LUFT)

domingo, outubro 01, 2006

A VIDA PEDE PAUSAS

“(…) e os amores são como os impérios: desaparecendo a idéia sobre a qual foram construídos, morrem junto com ela.” (MILAN KUNDERA)

Términos, rompimentos, renúncias... SEPARAÇÃO! Desde pequenos aprendemos que, nesta vida, tudo tem começo, meio e fim. Mas mesmo sabendo disso, nós não conseguimos evitar o sofrimento. Alguns até preferem continuar em determinadas situações para não vivenciar a dor. É mais cômodo. E o comodismo parece mais conveniente. É muito difícil quando nos separamos de alguém, rompemos qualquer tipo de relacionamento, seja de amor, amizade, trabalho ou família. É dolorido, parece que nada mais tem graça. Perdemos o ânimo, às vezes perdemos até a vontade de viver. Mas não podemos adiar a dor. Ela tem que ser vivida em seu momento e com toda intensidade. Depois de algum tempo a dor passa e a esperança renasce. Isso é a vida! E a vida continua. A vida tem que continuar mesmo que sejam necessárias pausas de vez em quando, ainda que essas pausas nos deixem sozinhos por um tempo. Talvez o maior e mais temido sofrimento do ser humano seja a solidão. Mas o que é solidão afinal? Será que é estar longe de tudo e de todos? Será que é não ter pessoas à sua volta? Será que é ficar alheio às situações? Ou será que é simplesmente um descontentamento com a vida e consigo mesmo? Às vezes nós podemos estar rodeados por pessoas e ainda assim continuarmos sós. O pior e mais cruel dos sentimentos não é estar só, mas sim, sentir-se só. E porque será que isso acontece?

"Quero saber, entre todas aquelas que eu sou, quem é a chefe, quem manda dentro de mim. Me confundo com tanta autoridade, já não sei bem a quem obedecer." (MARTHA MEDEIROS - O DIVÃ)

Acredito que muitas pessoas não se conhecem e nem fazem questão de se conhecer. Têm medo do silêncio, não sabem o que fazer com seus pensamentos e questionamentos, com seus tantos ‘eus’. Mas é na solidão que aprendemos a nos conhecer, pois precisamos nos escutar. Qualidades são reavaliadas, defeitos salientados, fantasmas e medos enfrentados. Todos nós deveríamos experimentar a solidão em algum momento de nossas vidas para descobrir as maravilhas de um belo e rico encontro interior. Esse tipo de solidão não é triste, não é ruim, pelo contrário, é saudável e nos ajuda a compreender melhor o mundo e as pessoas. Certa vez li uma frase que me marcou. Dizia que estar junto sem temperar com estar só é tão ruim quanto estar só sem saber o que é estar junto. E é verdade, como eu posso viver bem com os outros se não sei viver em harmonia comigo mesma? Mas infelizmente muitos ainda preferem continuar na superficialidade, perdendo-se em conversas frívolas com pessoas fúteis. Eu prefiro o enigmático. Adoro a profundidade dos meus encontros e o retorno do pensamento sobre mim mesma, minhas idéias, meus problemas e minhas situações. Hoje posso até estar só, mas não me sinto só, porque simplesmente aprendi a viver comigo! E como diz Fernando Pessoa: "Eu que me agüente comigo e com os comigos de mim".

“(...) a maturidade me permite olhar com menos ilusões, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranqüilidade, querer com mais doçura. Às vezes é preciso recolher-se...” (LYA LUFT)


por Flávia Carvalho

segunda-feira, setembro 25, 2006

VEM DANÇAR!

“...o interior e o exterior parecem mesclar-se sem costura, permitindo um mergulho no mundo mais íntimo dos sentimentos. O corpo é usado como um meio para mostrar todas as facetas da personalidade, tornando possível o olhar para dentro da alma, através de suas funções puras...”

Ontem assisti pela segunda vez o filme “vem dançar” com Antonio Banderas, baseado na história real de Pierre Dulaine, um professor que ensina dança, como voluntário, a um grupo de alunos carentes e problemáticos de Nova York. O filme fala de paixão, persistência, superação e ainda compartilha valiosas lições sobre orgulho, respeito e honra. O poder que a dança exerce sobre a vida das pessoas é fantástico. Falo por mim. Eu adoro dançar. E foi na dança que encontrei tranqüilidade durante um dos períodos mais difíceis da minha vida. Nos meus momentos de ‘loucura’, ela me manteve sã, permitam-me o paradoxo! Mas é verdade. Cada um tem um jeito de espantar a tristeza, jogar fora o estresse, esquecer os problemas, viajar... Esse é o meu: Eu danço! Quando estou triste, quando estou alegre, quando estou estressada, quando estou feliz. É tão bom colocar uma música, fechar os olhos e divagar... Sinto-me livre como um pássaro. Ganho asas e alço vôos inexplicáveis. Algo em mim muda. Entro em outro mundo. Um mundo de sonhos. Aquele mundo que me faz sorrir do nada, que faz meus olhos brilharem novamente. Sinto-me em paz! Dizem por aí que ‘quem canta os males espanta’. Eu digo mais: Pra mim, quem dança um grande bem alcança! Estou muito feliz por ter voltado a dançar. Por ter abraçado essa paixão novamente em minha vida. E como disse uma grande amiga: o problema de paixões e amores mal resolvidos é que eles sempre voltam.

“...a magia da dança é transferir as paixões e os pensamentos, a curiosidade e as perguntas, a poesia e a seriedade. Dançar é tudo; dançar é viver. Nunca houve uma diferença. Os bons momentos são aqueles em que tudo é uma coisa só...” (Toula Limnaios)


por Flávia Carvalho

terça-feira, setembro 19, 2006

FALAR É FÁCIL

"Sou dos escritores que não sabem dizer coisas inteligentes sobre seus personagens, suas técnicas ou seus recursos. Naturalmente, tudo que faço hoje é fruto de minha experiência de ontem: na vida, na maneira de me vestir e me portar, no meu trabalho e na minha arte. Além disso, sou uma mulher simples, em busca cada vez mais de mais simplicidade. Amo a vida, os amigos, os filhos, a arte, minha casa, o amanhecer. Sou uma amadora da vida. Não escrevo muito sobre a morte: na verdade ela é que escreve sobre nós - desde que nascemos vai elaborando o roteiro de nossas vidas...” (LYA LUFT)

Normalmente nós temos pouco cuidado com as palavras ditas. Muitas vezes magoamos demais o outro por não escolhermos bem aquilo que falamos. Eu arriscaria dizer que é até mais fácil machucar do que enaltecer alguém com palavras. Temos dificuldade em falar do amor, da admiração que sentimos uns pelos outros. Algumas pessoas acham brega, por exemplo, escrever cartas de amor; outros acham cafona, antiquado e se envergonham disso. Sei lá, parece que é mais fácil mesmo criticar do que simplesmente elogiar. Mas hoje eu admirei ainda mais uma grande amiga por ter expressado todo seu carinho e admiração por mim ao me dizer: "Você é a minha Lya Luft...”. Não sei por que, mas essa simples frase me emocionou e fez meus olhos se encherem de lágrimas. Certas palavras e atitudes nos marcam tanto que dispensam explicações. E é por isso que eu agradeço a Deus todos os dias este ‘dom’ de conseguir, por meio das palavras, expressar minhas idéias, meus sentimentos, enfim, meus pensamentos. A leitura me fascina. Escrever é minha paixão. E são gestos como o seu, Marcinha, que me encorajam cada vez mais a abraçar de corpo e alma esse amor.
“...Eu sou sempre a mesma, nem demasiado séria, nem demasiado superficial. Deus nos livre de sermos circunspectos, politicamente corretos, chatos e metidos a ser modelo, não é? (LYA LUFT) Mas quem é essa mulher afinal? Alguém que joga com as palavras e com personagens. Cria, inventa, cisma, trama, sonda o insondável. "Tento entender a vida, o mundo e o mistério e para isso escrevo. Não conseguirei jamais entender, mas tentar já me dá uma enorme alegria.” O que mais me fascina nela é seu tom intimista que te pega pelo braço e te leva para uma viagem muito gostosa sobre temas da vida: amores, filhos, velhice, consumismo... Ela provoca, chacoalha as idéias e faz refletir. Para Lya ninguém é coitadinho. Ela não tem ‘freios’ na língua. Denuncia, critica estereótipos, valores hipócritas, aponta erros. E é isso que me estimula, me faz refletir sobre temas presentes em todas as fases de nossas vidas e sobre os rumos que podemos dar a cada um deles. Por tudo isso sou fã incondicional dessa gaúcha de quase 70 anos que me encanta a cada palavra. Precisa dizer mais?

“Não existe isso de homem escrever com vigor e mulher escrever com fragilidade. Puta que pariu, não é assim. Isso não existe. É um erro pensar assim. Eu sou uma mulher. Faço tudo de mulher, como mulher. Mas não sou uma mulher que necessita de ajuda de um homem. Não necessito de proteção de homem nenhum. Essas mulheres frageizinhas, que fazem esse gênero, querem mesmo é explorar seus maridos. Isso entra também na questão literária. Não existe isso de homens com escrita vigorosa, enquanto as mulheres se perdem na doçura. Eu fico puta da vida com isso. Eu quero escrever com o vigor de uma mulher. Não me interessa escrever como homem." (LYA LUFT)
por Flávia Carvalho

quarta-feira, setembro 13, 2006

E ESSA TAL FELICIDADE

“Felicidade é uma árvore de dourados pomos. Existe sim, mas nós não a encontramos, pois nunca estamos onde nós a pomos e nunca a pomos onde nós estamos...”

Uns fogem de casa para serem felizes, outros voltam para casa atrás da felicidade. Uns se casam achando que esse é o caminho, outros se separam buscando uma saída. Em minhas conversas por aí, tenho tido a nítida impressão de que muitas pessoas estão desesperadas e com medo. Desesperadas por não conseguirem ‘encontrar’ a felicidade e com medo de nunca atingir tal estado. Esta busca se torna exaustiva e infinita, pois, acredito que ninguém é feliz em sua plenitude. Por que as pessoas insistem em ser felizes e não em estar felizes? Por que ficam presas, fixas à idéia de que um dia encontrarão a ‘chave’ da tal felicidade? Como se a nossa vida fosse uma porta que pudesse ser aberta com uma simples chave. Para mim não existe um estado de felicidade, nunca houve. Eu acredito em momentos felizes. E é por isso que procuro vivê-los intensamente, pois sei que cada momento é único e não se repetirá jamais.

As pessoas preocupam-se tanto com o SER feliz que não percebem o ESTAR feliz e colocam sempre no outro a responsabilidade disso acontecer. “Por favor, me faça feliz...” Buscar a felicidade no exterior não é o caminho. Não pode ser! Precisamos nos doar mais e cobrar menos. Posso não ter tudo aquilo que quero, mas eu preciso querer tudo aquilo que tenho. E a escolha é minha, de mais ninguém. Se eu não me permitir estar feliz em alguns momentos da minha vida nunca poderei saber o que é felicidade. E se nem eu sei atrás do que estou correndo, de que vale a busca disso então? Afinal de contas, quando não sabemos o que procuramos, qualquer coisa que encontrarmos serve...

“...a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade...” (Mário Quintana)


por Flávia Carvalho

sábado, setembro 09, 2006

O GÊNIO BURRO

“Antoine constatara que, muitas vezes, inteligência é a palavra que designa baboseiras bem construídas e lindamente pronunciadas, e que é tão traiçoeira que frequentemente é mais vantajoso ser uma besta do que um intelectual consagrado. A inteligência torna a pessoa infeliz, solitária, pobre, enquanto o disfarce de inteligente oferece a imortalidade efêmera do jornal e admiração dos que acreditam no que lêem."

Até que ponto devemos nos esforçar tanto, num mundo em que as pessoas mais burras acabam se dando melhor? Este é o ponto principal de discussão do livro “Como me tornei estúpido”, de Martin Page. Antoine, personagem principal, é um rapaz muito inteligente que entende de diversos assuntos, porém seu conhecimento e sua consciência crítica transformaram-se em estorvos para viver no mundo atual. Então, ele decide investir na burrice como forma de sobrevivência e acaba se convencendo de que só a estupidez lhe permitirá ser plenamente aceito pela sociedade.

Em uma sociedade onde a burrice é exaltada e a inteligência menosprezada, essa pode até ser a melhor saída para alguns. Triste, não? Saber que existem milhares de ‘Antoines’ por aí desistindo de seus sonhos, de seus ideais, de suas vontades, de seus anseios. Desistindo da vida! E eu me pergunto: O que está acontecendo com as pessoas hoje em dia? Ouço tanta gente reclamando de que estão sozinhas, de que não conseguem encontrar um companheiro com quem possam conversar sobre tudo. É muito comum, homens e mulheres, dizerem que desejam ter alguém inteligente ao lado, que seja independente, companheiro, perspicaz, talentoso. Falar é simples, né? Difícil mesmo é colocar isso em prática. Pois grande parte dos que falam são os primeiros que desistem ou nem tentam se relacionar com alguém assim. E por quê? Por covardia? Por insegurança? Ou será por pura burrice mesmo? Ao que me parece, há um medo generalizado do conhecimento e do auto-conhecimento também. Falta coragem de conhecer e de conhecer-se, de crescer, de amadurecer, de pensar, de refletir. Falta coragem de tentar e até de querer! Enfim, falta coragem de viver...

“A estupidez das pessoas não deriva da sua falta de inteligência, mas da sua falta de coragem” (Michael Kerr)

por Flávia Carvalho

quarta-feira, setembro 06, 2006

ENCONTROS, DESENCONTROS E REENCONTROS

“...O encontro humano é tão raro que, quando surge, vem carregando todas as experiências de desencontros que a pessoa já teve...”

Existem encontros na nossa vida que dispensam tudo. São aqueles que se dão de alma para alma. Uma espécie de diálogo sem palavras, debate sem perguntas, de amor sem romance, enfim, de explicação sem razão. É assim que acontece diante de algumas pessoas. Aquelas com quem conseguimos conversar até no silêncio. É maravilhoso poder encontrar alguém que nos faça sentir isso. Como é bom reconhecer-se no outro. Encontros verdadeiros são raros e por isso são mágicos. E não importa o tempo, a distância, os acontecimentos, porque a intimidade entre ambos sempre permanece. E ela independe de contato físico. Vai além: É olhar, é sentir, é captar. É a intimidade que, depois de tantos desencontros, permite o reencontrar. O sentimento quando é verdadeiro nunca acaba, nunca diminui, nunca some, apenas se transforma....

"...intimidade é você se sentir tão à vontade com a pessoa como se estivesse sozinho. É compartilhar com alguém um estado de inconsciência..." (Martha Medeiros)

por Flávia Carvalho

sábado, agosto 26, 2006

DE OLHOS FECHADOS...

Para encontrar um amigo, devemos fechar um olho. Para conservá-lo, devemos fechar os dois. (Norman Douglas)

Quem pensa em ter um amigo sem defeitos, jamais encontrará. Um dos grandes segredos que faz este sentimento perdurar, ou não, é o respeito às falhas de cada um. E respeitar não significa aceitar, ou simplesmente calar diante de situações. Significa simplesmente SER e DEIXAR SER! Isso mesmo: SER! Sem máscaras, sem amarras, sem vergonha, sem medo. É falar, criticar, elogiar, brincar, emocionar, emocionar-se, surpreender, ser surpreendido, ouvir e também calar. Mas dentro desse mundo tão complicado em que vivemos, cheio de dúvidas, incertezas, competição e egoísmo, está cada vez mais difícil. E encontrar alguém que SEJA e que nos permita SER é algo raro, algo supremo. Como disse VOLTAIRE, “...a amizade é um casamento de almas...”

Muitas pessoas vêm e vão nas nossas vidas. Algumas voltam. Nem todas permanecem, nem todas podem permanecer, mas todas têm uma missão. E se a missão foi cumprida, elas se vão. Nem por isso deixaram de ser especiais, deixaram de ser amigas, pois, naquele determinado momento em que você precisou delas, elas estavam lá. Antes eu achava que um bom amigo era aquele para a vida toda. Que não importava o tempo nem a distância, nada conseguiria mudar este sentimento. Mas hoje, depois de já ter deixado tantos amigos pra trás, eu sei que um amigo é aquela pessoa de quem jamais vou esquecer. Não importa se está longe ou se está perto, basta estar do lado de dentro! Dizem que é muito difícil falar sobre amizade. Eu discordo. Acho que falar é muito fácil. Difícil mesmo é conhecê-la. É senti-la. É vivê-la...

A amizade não se busca, não se sonha, não se deseja; ela exerce-se! É uma virtude... (Simone Weil)

por Flávia Carvalho

segunda-feira, agosto 21, 2006

O ‘MALEFÍCIO’ DA DÚVIDA

“...Por que a dificuldade de dizer para alguém o quanto ele é, ou foi, importante? Dizer não como recurso de sedução, mas como um ato de generosidade, dizer sem esperar nada em troca. Dizer, simplesmente.” (Martha Medeiros)

“Flávia, o principal dentro de um relacionamento é o mistério. Não deixe que a pessoa saiba o que você pensa, como você realmente é ou como você se sente. A pessoa precisa ficar insegura. Se souber de tudo e se sentir segura, já era...”. Este conselho já me foi dado em vários momentos da minha vida. Parece que só conseguiremos manter as pessoas ao nosso lado se elas não souberem de tudo. Ou pelo menos não souberem o mais importante. Por isso que grande parte, para não dizer a maioria, das relações sustenta-se em meias verdades ou em mentiras parciais. Mas até que ponto a dúvida gera benefícios? Sempre discuti com alguns amigos o ‘bônus’ e o ‘ônus’ do ato de falar o que se sente. Realmente, como para tudo na vida, existe o lado positivo e negativo de se ‘desnudar’, de se revelar ao outro, ainda mais quando envolve sentimentos. Falar para mim é reconhecer, por meio de palavras, que algumas situações existem e que eu não posso simplesmente ignorá-las e fingir que não estão acontecendo. Isso pra mim não é mistério, é anulação! Como disse um amigo certa vez: “Calar certas coisas é como guardar dinheiro debaixo do colchão - investimento sem lucro, diversão sem gozo. Burrice das brabas!” Lógico que aqui estou falando de sentimentos, falando de como expressar o que se sente, como se sente e não de sair falando tudo da sua vida para todos. Não! É diferente! É falar como se sente em relação ao outro ou em relação a alguma situação.

O silêncio cruel é aquele que gera a dúvida. Porque deixar o outro inseguro de seus sentimentos como forma de prendê-lo? Mas para que prendê-lo? É uma ilusão achar que a dependência nos relacionamentos é o que faz eles existirem e perdurarem. O outro não precisa estar preso a você para te amar. Pelo contrário, quando mais livre, mais puro e verdadeiro será seu amor e mais próximo estará. Já escondi algumas vezes como eu me sentia e sofri muito com isso. Já falei demais e deixei transparecer minhas vontades e desejos. Também sofri! Depois de um tempo eu me dei conta de que já sofri por FALAR e por CALAR. Mas ainda prefiro acreditar na sinceridade. Aquele silêncio que confunde, que maltrata o outro apenas para tentar manter “poder” dentro de um relacionamento é muito daninho. Descobri que o silêncio do outro me tortura, me atrapalha. Não gosto de me sentir insegura dentro de nenhum relacionamento, seja no trabalho com os colegas, em casa com a família, com meus amigos ou com um parceiro. E se a insegurança é o que mantém as pessoas juntas, então definitivamente prefiro morrer só. O mistério pode até nos proteger sim. Mas será que protegidos nós conseguimos viver? Acredito que não. Isso não é viver, é sobreviver. E não é o que quero pra mim. Prefiro a vulnerabilidade do falar à dissimulação do calar. Pois assim eu não apenas sobrevivo, eu VIVO!

“...Libertar uma pessoa pode levar menos de um minuto. Oprimi-la é trabalho para uma vida. Mais que as mentiras, o silêncio é que é a verdadeira arma letal das relações humanas.”

por Flávia Carvalho

quarta-feira, agosto 16, 2006

QUANTO MAIS IDIOTA MELHOR!


“...esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar descalço, não tomar chuva. Pule corda! Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte. Ser adulto não é perder os prazeres da vida - e esse é o único “não” realmente aceitável. Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração...” (Arnaldo Jabour)


Realmente nós estamos ficando cada vez mais sérios, mais profundos, mais intensos. E quanto mais ficamos assim, menos alegres, menos felizes e menos satisfeitos parecemos estar também. Que coisa não? Tenho a impressão que não está sobrando tempo para resgatarmos a espontaneidade da infância, a simplicidade, o desapego, enfim, a “idiotice”. Porque muitos dizem que é melhor ser criança? Aposto que você já ouviu isso. Já deve ter ouvido também que as crianças é que são felizes. Porque elas são tão autênticas? Porque têm sempre respostas simples para coisas que julgamos tão complicadas? Fácil. Porque as crianças ainda são “idiotas”. E como diz Jabour, ser idiota é vital para felicidade!

Sorrir é maravilhoso. Gargalhar então, nem se fala. É tão bom poder rir das nossas próprias mancadas. Poder rir dos nossos “micos” e até rir de quem ri da gente. Fazer brincadeiras. Fazer uma careta horrorosa que faça o outro rir. Escrever ‘ridículas’ cartas de amor. Cantar desafinado. Dançar fora de hora. Pular de alegria. Tomar sorvete no frio. Chorar de felicidade, chorar de raiva; enfim, viver cada momento como se fosse único, porque ele realmente será único. Isso é ser idiota. Já temos preocupações demais nessa vida. Na vida tudo é passageiro e as nossas preocupações também deveriam ser. Mas não. Nós insistimos em levá-las para toda parte. Desde o nascer ao pôr do sol elas estão ao nosso lado. Há momentos em que precisamos ser sérios e serenos. Então vamos deixar a preocupação e a serenidade para esses momentos. Devemos deixar que a nossa criança brinque dentro de nós, porque todos nós já fomos crianças um dia! Ela não pode morrer. Mais cedo ou mais tarde, com certeza teremos momentos de dor em nossas vidas e sentiremos muito. Mas como diz Carlos Drummond de Andrade: A dor é inevitável. O sofrimento é opcional. Eu prefiro continuar acreditando nisso e, definitivamente, sendo uma idiota!

“...a vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos...”


por Flávia Carvalho

sexta-feira, agosto 11, 2006

NOS TEUS BRAÇOS PAI...

“...Papai, neste belo dia que é teu, só teu, que Deus doou para ti, deixa-me te abraçar com todo amor e gratidão ao som desta simples canção. Doçura existe em tua voz, ternura neste teu meigo olhar. Eu quero te abraçar de coração agradecido. Papai, tu és o meu melhor amigo...”

Assim que nasce, ou até mesmo quando é dada em adoção e os pais vão buscá-la, a criança geralmente tem seu primeiro contato com a mãe. Ela é sempre a primeira a querer pegá-la no colo, abraçá-la, sentir seu cheiro, beijá-la, acariciá-la... No meu caso foi um pouco diferente. Aliás, o meu início de vida foi bem diferente. A primeira pessoa com quem eu tive esse contato foi meu pai. Foi ele que me deu o primeiro abraço, o primeiro beijo, o primeiro colo. Foi com ele que aprendi a ser comilona, pois a primeira, ou melhor, as ‘muitas’ primeiras mamadeiras foram dadas por ele também. Foi meu pai que viajou tão longe para buscar a ‘pequerrucha’ que, junto com mamãe, tanto esperou. Pode até não ser uma lembrança visual, consciente, mas com certeza tenho marcado dentro de mim algo forte que senti e está selado para sempre em meu coração.

Papi querido, ainda posso sentir aquele momento em que fui entregue nos teus braços. Consigo ver o brilho do teu meigo olhar e sentir a ternura de tua voz ao dizer “minha filhinha” (ou será que já era ‘filhoca’?). Foi a minha primeira experiência de amor, do nosso amor. Eu posso até imaginar, e pra quem conhece você não é difícil imaginar isso, teus olhinhos cheios d’água e a boquinha tremendo de emoção. Tenho certeza que o que tu sentiste naquele momento foi uma experiência única e inesquecível, como já me escreveste uma vez, lembras? Pelas mãos do PAI, eu vim parar nos teus braços pai. E apesar de estar sem mamãe ao teu lado, tu me trouxeste para ela, dentro daquela cestinha, com tanto cuidado e carinho como um presente de Deus. Dali em diante foste o pai que qualquer filha sonha em ter: brincalhão, carinhoso, amoroso, emotivo, participativo, incentivador, chorão, enfim, um verdadeiro paizão... Todos sabem que a melhor forma de ensinar é dando exemplos. Para mim tu és um grande exemplo, o maior de todos: simplicidade, amor, compaixão, honestidade, sinceridade, companheirismo, fidelidade e, principalmente, de respeito ao próximo. Muitas vezes já quis desistir das coisas e tu, com essa fé inabalável, me dizes sempre que eu não desista, que eu devo seguir em frente para alcançar meus sonhos e que sempre estarás ao meu lado para me ajudar, seja aqui ou em qualquer outro lugar. Isso é o que me faz seguir em frente, isso é o que me faz acreditar que ainda vale a pena!

Desempenhaste tão bem o teu papel e plantaste um brilho tão especial no meu olhar, que a cada gargalhada juntos, a cada aconchego, a cada ensinamento, a minha vontade de viver é reforçada. Por isso eu volto a dizer: posso não ter o teu sangue e mamãe pode não ter me dado a luz, mas vocês dois me deram o mais importante: me deram a VIDA e me fizeram saber e sentir o quanto sou especial e amada. E como diz a canção que sempre cantamos para ti: ...tu és a razão de quem por pai te recebeu e melhor que tu meu pai...somente DEUS...


por Flávia Ferreira (a tua 'filhoca')

sexta-feira, agosto 04, 2006

LLEVAME CONTIGO...

Muita cultura, bastante comida gostosa, gargalhadas, lágrimas (minhas e de Emília, por supuesto!) e tudo mais. Foram dias intensos de grande agitação. Não senti a altitude como muitos me preveniram, mas senti muito cansaço. Cheguei hoje e ainda estou encantada com tudo que vi. Foi uma viagem perfeita e mágica. Rara em todos os sentidos. Fiz novos amigos, solidifiquei velhas amizades... Serei eternamente grata aos meus queridos Eliseo e Emilia por terem me proporcionado momentos tão especiais! Com eles a diversão era garantida! Bailamos ao som de Los Mariachi, conversamos, cantamos: “...llevame contigo, aunque tenga que sentir dolor...”, matamos a saudade. E esses momentos, é claro, sempre brindados com aquela bebida típica, extraída do cacto. Qual? A TEQUILA, lógico. E para tomá-la, todo um ritual. Sal, limão e ‘sangria’. Aí é soltar o versinho: “Acima, abajo, al centro e a dentro”. Uma delícia!

O México foi berço de várias civilizações nativas americanas avançadas, das culturas mesoamericanas, como a civilização Maia e os Aztecas. É difícil descrever paisagens como as que vi. O charme de PUEBLA, a pequena CHOLULA e suas mais de 360 igrejas, uma para cada dia do ano. As ruas estreitas de TAXCO com íngremes subidas e deliciosas descidas. As famosas pirâmides de TEOTIHUACÁN, que significa “o local onde os homens se tornam deuses”, realmente só podem ser obras de Deus, de tão perfeitas. Esta última cidade é uma das mais impressionantes do mundo antigo. Foi fundada antes da era cristã. E aquelas construções, com toda a sua beleza, mais parecem verdadeiras obras de arte! Os templos e pirâmides deste sítio arqueológico refletem a grandiosidade de um povo, mas ainda não revelou a sua história. E esse mistério é o que encanta!

O nosso mundo é cheio de coisas lindas e jamais imaginadas por nós. Não posso dizer que gostei mais de um lugar ou de outro. Todos são diferentes e têm suas particularidades. Adorei poder aprender mais sobre essa cultura e sobre a civilização que povoou essas terras antes que os espanhóis as invadissem. Muitas coisas foram destruídas, é verdade, mas aquelas ruínas têm em si uma história própria, uma energia única, algo que só sentimos quando estamos lá, frente a toda aquela maravilha. Diz a lenda que a pirâmide da Lua suga a energia das pessoas e a do Sol, revigora. Bom, eu saí de lá revigorada! É difícil imaginar como o homem conseguiu chegar ao topo daquelas montanhas transformando simples pedras em verdadeiros templos de adoração. Muitas pirâmides foram destruídas, mas ficaram as ruínas. E com elas, todo o mistério de um povo! Como pode o ser humano conseguir fazer algo tão lindo e perfeito? Não sei! Mais um mistério. E isso é algo impenetrável à razão humana, tudo que a nossa inteligência é incapaz de explicar ou compreender, por isso é DIVINO!

“...QUE LASTIMA PERO ADIOS, ME DESPIDO DE TI Y ME VOY...”

terça-feira, julho 18, 2006

É PRECISO AMAR!!!

“...e eu possa me dizer do amor que tive. Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure...” (Vinicius de Moraes)

Hoje em dia é bastante comum discutir casamento, relacionamento, amor e sentimentos. Deve ser por isso que as pessoas procuram estar bem ‘informadas’ no que diz respeito ao assunto. Porque escolhi você? Amar pode dar certo; Porque você mente e eu acredito? Como sobreviver à perda de um amor? Como sobreviver ao casamento? Pare de levar foras; Como encontrar um marido depois dos 35... E por aí vai. Esses são títulos bem sugestivos de companheiros inseparáveis da cabeceira de muitas pessoas. Mas será que livros de auto-ajuda ou qualquer conhecimento adquirido em novelas e programas de TV vão realmente ajudar quando o assunto é amor? Não sei! Só sei que muitos se esquecem de que para amar é preciso dar oportunidade ao amor. É preciso parar de esperar pela pessoa perfeita para só então ‘experimentar’ este sentimento.

Muitas vezes ficamos presos a conceitos, modelos, padrões e nos esquecemos de que para sentimentos não existem ou, pelo menos, não devem existir regras. Sentir já é tão raro. Por que então desistir sem ao menos tentar? Será mais uma vez aquela velha história do medo? Medo de não acertar? Medo de não encontrar o ‘certo’? Mas o que é o certo anyway? Ficamos em busca do amor perfeito, do relacionamento perfeito, da pessoa perfeita e nos esquecemos de que nada, nem ninguém, é perfeito. Mas qual seria o segredo de amar? Em um ensaio sobre as Mil e Uma Noites, o escritor Rubem Alves diz que a arte de amar é a arte de não deixar que a chama se apague, mesmo que a vela vá se consumindo. Eu arriscaria dizer que não existe segredo para isso, existe vontade. Primeiro, é preciso querer experimentar o amor (acender a chama); depois, querer que dê certo (mantê-la acesa). E isso implica doar-se de corpo e alma na relação. Então vamos cuidar para que o amor não seja apenas a chama de Vinicius, mas que seja como nas Mil e Uma Noites tão bem lembradas por Alves onde:

“...os amantes podem ter a esperança de que as madrugadas não terminarão com o vento que apaga a vela, mas com o sopro que a faz reacender-se...”


por Flávia Ferreira

terça-feira, julho 11, 2006

SER OU ESTAR? EIS A QUESTÃO!

“... Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação. Como é que se explica que o meu maior medo seja exatamente em relação a ser? E, no entanto, não há outro caminho. Como se explica que o meu maior medo seja exatamente o de ir vivendo o que for sendo? Como é que se explica que eu não tolere ver, só porque a vida não é o que eu pensava e sim outra - como se antes eu tivesse sabido o que era!" (Clarice Lispector)

Por que será que temos tanto medo do novo, do diferente, do desconhecido? Por que ficamos presos a certezas antiquadas apenas pelo consolo de que é melhor não trocar o certo pelo duvidoso? Quase ninguém quer correr riscos. As pessoas preferem a certeza do velho. Já escrevi sobre o medo certa vez. O momento era outro, a razão também. O fato é que hoje escutei algo que me fez pensar novamente sobre este assunto: o MEDO. Pensar em mim, na minha vida, nos meus sonhos... Pensar se realmente tenho algum medo e de que. Mas até o fato de pensar que não tenho medo já é assustador, não? Mas isso é bom. Isso é reflexão. E me faz divagar, devanear. Com isso eu penso, amadureço, cresço. “...óh, sei que entrei sim. Mas assustei-me porque não sei para onde dá essa entrada. E nunca antes eu me havia deixado levar, a menos que soubesse para o que. O medo agora é que meu novo modo não faça sentido? Mas por que não me deixo guiar pelo que for acontecendo? Terei que correr o sagrado risco do acaso. E substituirei o destino pela probabilidade." Confesso que já tive muitos medos nesta vida, mas ela própria (a vida) foi se encarregando de tirá-los do meu coração. Assim como Lispector, aos poucos estou substituindo o destino pela probabilidade. E já consigo aceitar o ‘risco’ do acaso. Hoje acredito que tudo é provável, tudo é POSSÍVEL e PASSÍVEL de ser realizado, basta QUERER! Muitos não querem andar nas nuvens, ou pelo menos tentar. Muitos não querem viver paixões, ou pelo menos tentar. Muitos não querem lutar pelos seus sonhos, pelos seus ideais, ou pelo menos tentar. Muitos não fazem aquilo que têm vontade, nem tentam. Muitos querem apenas ter os pés firmemente plantados no chão e não mais ter que tentar, por medo. Dessa maneira esses muitos acham que assim encontrarão a felicidade. Mas será que a felicidade é algo permanente? Será que é algo para se encontrar? Será que alguém É feliz de verdade ou será que apenas ESTÁ feliz em alguns momentos? Na realidade não existe um manual de “como chegar lá”. Felicidade não se encontra, porque ela não pode estar em lugar algum. Ela deve vir de dentro pra fora. Primeiro: É preciso QUERER ser feliz e depois é preciso ACREDITAR nisso. O resto...é apenas o resto! EU QUERO! E você?

“ A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade. A vida não é de se brincar porque um belo dia se morre" (Clarice Lispector)


por Flávia Ferreira

quinta-feira, julho 06, 2006

TDB

“...coração de eterno flerte, adoro ver-te...o Havaí, seja aqui, o que tu sonhares, todos os lugares, as ondas dos mares, pois quando eu te beijo, eu desejo teu desejo...”

Uma vez ouvi alguém dizer que um bom beijo, muitas vezes, é melhor até do que o sexo simplesmente. Este alguém disse também que o beijo é a parte mais importante da relação física entre duas pessoas. Se ele não funcionar, pode desistir do resto. E eu realmente devo concordar com este ‘alguém’, seja lá quem for, porque beijar é maravilhoso. É uma espécie de viagem sem volta. Quando o beijo é bom parece que tudo ao nosso redor desaparece. A gente se esquece de tudo e de todos. Quando duas bocas se encontram e se encaixam, não há preocupação que persista, nem problema que não se resolva. E as palavras perdem qualquer sentido diante do primor deste momento.

Beijar é simplesmente mágico, porque você interage com o corpo do outro sem deixar vestígios. Mergulha num mundo de fantasias, descobre vontades, anseios, cheiros, sabores... No beijo você compartilha intimidades sem dizer uma só palavra. Você é capaz de dizer mil coisas, sem sair do silêncio. O beijo é gostoso porque não cansa, não cobra, não fala nada, e ainda assim consegue dizer tudo... Enfim, beijar é, como dizem por aí, TDB (tudo de bom). E nada de ficar criando paranóias de que o beijo é perigoso porque transmite doenças, ou é nojento porque tem não sei quantas mil bactérias, vírus, etc, etc, etc. Para esses neuróticos de plantão, meu triste lamento! Deve ser porque ainda não experimentaram ‘aquele’ beijo capaz de levá-los a lugares únicos, serenos e inesquecíveis, de onde não terão a menor pressa para voltar...

“...nem quero pensar se é certo querer o que vou lhe dizer: um beijo seu e eu vou só pensar em você...”

por Flávia Ferreira

segunda-feira, junho 26, 2006

VIVO, LOGO PENSO!!

“…one should not increase, beyond what is necessary, the number of entities required to explain anything…” (Occam's razor)

Este antigo princípio da lógica filosófica de William de Ockham, também conhecido como princípio da parcimônia, diz que o ser humano não deve procurar mais explicações além do mínimo necessário para resolver um problema. Ou seja, se temos que escolher uma dentre muitas teorias, e não temos evidências que privilegiem alguma em relação a outras, então devemos ficar com a teoria que requeira menos hipóteses, logo, a mais simples.

Por muito tempo eu busquei razões para tudo que acontecia comigo. Buscava sempre explicações para determinadas situações vivenciadas. Mas porque isso está acontecendo? Porque aquilo não deu certo? Porque as coisas têm que ser assim? Estava sempre atrás de uma palavra de conforto, de uma explicação ‘lógica’, de algo que me trouxesse paz. Eu queria acreditar que tudo tinha uma razão de ser. E buscava uma explicação racional para isso. Mas esta era uma busca interminável simplesmente porque, para determinadas ações, não existem razões, principalmente quando envolvem pessoas e sentimentos. Nós, apesar de ‘simples’ mortais, gostamos de complicar. Gostamos de imaginar o que não existiu, gostamos de presumir, pressupor, prever... E nesse jogo social humano nem sempre temos razão. Temos vontades, desejos, feelings. Muitas vezes tentamos nos justificar usando da nossa razão. Mas acredito que isso funciona muito pouco. O SER humano é complicado, mas eu gosto de ser exposta a tudo que diz respeito às relações humanas. Eu penso. Eu reflito. Eu cresço com isso. Fazendo uma inversão à máxima cartesiana “penso, logo existo”, eu arriscaria dizer que eu não existo simplesmente porque penso. Eu vivo, por isso penso.

Confesso que até já tentei ser mais racional. É verdade! Mas não gostei nem um pouco do resultado final que meus parcimoniosos e frágeis neurônios me renderam depois de toda esta fatigante racionalização. Cheguei a triste conclusão de que ser racional demais me faz sofrer. E sofrer muito. Sabe por quê? Simples! Porque, racionalizando tudo, eu acabava sempre “concluindo o que não queria ter concluído”. É por isso que hoje eu tento seguir o princípio de Occam, pois acredito que se existem diversas explicações igualmente válidas para uma determinada coisa, então provavelmente a mais simples deve ser a mais certa!

"It is vain to do with more what can be done with fewer"- William of Ockham

por Flávia Ferreira

quinta-feira, junho 22, 2006

SIM, NÃO, TALVEZ, QUEM SABE?

Os extremos marcam a fronteira luz de tal modo intensa que nos cega e nos leva a uma obscuridade total.

Existem pessoas cuja visão encontra-se limitada por duas fronteiras: ou é sim, ou é não. Ou é certo, ou é errado. Não pode existir um talvez, um quiçá, um porventura, um quem sabe, um depende do ponto de vista. Acho que daí vem a minha repugnância por todos os extremismos. É muito chato você ouvir alguém falar que as pessoas não mudam, que ‘pau que nasce torto nunca se endireita’, o que não é bom, é mau, o que não faz bem, faz mal e assim por diante... Eu acho completamente ilógico este pensamento. Já imaginou todas as oportunidades e experiências maravilhosas que você perde só por pensar que elas não são para você? Na minha opinião isso nada mais é do que uma desculpa. Isso mesmo. Uma desculpa que convém. Imagine que chata seria a vida se tudo fosse eternamente igual? Qual a razão de ser? E de viver então? Como seres humanos nós somos livres para escolher nossos caminhos. Devemos ser mais flexíveis, nos adaptar às mudanças, aguçar cada vez mais nossa curiosidade, ter coragem para ousar e criatividade para “funcionar”. Viver de escolhas e de buscas: essa é a essência da vida, é o que constitui a natureza íntima de cada indivíduo. E essas buscas podem ser feitas por diferentes caminhos. Podemos alterar o percurso inicial com retrocessos, avanços, pausas, recuos, cruzamentos, entrançamentos... Detesto ouvir algumas pessoas dizerem “Não tem jeito, eu sou assim mesmo”. Não existe isso! O jeito que você é É simplesmente o jeito que você escolheu ser. Devemos pensar na vida como uma viagem. Uma viagem onde o destino é desconhecido, o tempo é imensurável e da qual se tem apenas uma certeza: o passageiro é você, e o piloto.............também!


por Flávia Ferreira

segunda-feira, junho 19, 2006

A INSUSTENTÁVEL LEVEZA “DE” SER

"Mas o homem, porque não tem senão uma vida, não tem nenhuma possibilidade de verificar a hipótese através de experimentos, de maneira que não saberá nunca se errou ou acertou ao obedecer a um sentimento."

Eu quero - mas finjo que não. Eu morro de medo - mas me faço de forte. Eu não sei nada - mas banco o especialista. Quantos de nós já não agimos ou pensamos assim em algum momento de nossas vidas? Quantos de nós vivemos presos a uma ‘casca’ que esconde ou simplesmente tenta esconder nossa verdadeira essência? Mas porque temos que viver assim, limitados a exigências legais, regras, normas, preceitos, julgamentos? São sempre tantas perguntas e tão raras respostas... Mas responder pra que? Para mais uma vez justificar aquilo que não se justifica, tentar explicar aquilo que não tem explicação?

No clássico, que já virou até filme, “a insustentável leveza do ser”, o autor Milan Kundera fala essencialmente do ser humano, da vida que é única, do amor, das relações entre as pessoas, que se tornam complexas pela sua simplicidade. Chega a ser paradoxal, mas é o que muito acontece. Na vida, tudo aquilo que escolhemos e apreciamos pela leveza acaba se revelando um peso insustentável. Porque não citar o AMOR como exemplo? Ele é maravilhoso, pois ultrapassa todas as categorizações do ser. O amor aceita incondicionalmente e se entrega, sem cobrança e sem troca. Isso é ser livre, isso é ser leve! Mas as pessoas tendem a complicá-lo, impondo regras, limites, fazendo juízos, até que chega um ponto em que ele não se sustenta mais. E o que é pior, além de insustentável, muitas vezes torna-se intolerável.

Talvez a leveza ‘de’ ser ‘do’ ser humano incomoda. Incomoda porque, para muitos, a vida tem que ser pesada. Temos sempre uma cruz para carregar. Mas o peso da vida está exatamente em toda forma de opressão. Está dentro de nós mesmos que nos permitimos e aceitamos a “cruz” que querem nos dar. Seja julgando ou sendo julgados, seja falando ou ficando em silêncio, seja acertando ou errando. Devemos viver as NOSSAS vidas e não a dos outros, ou a que os outros querem que nós vivamos. Erros e acertos são relativos à ótica do analista e a VIDA meu amigo, como disse Kundera, é uma só!



por Flávia Ferreira

segunda-feira, maio 29, 2006

MINHA VIDA SEM MIM!

A solidão está muito distante e muito próxima de todos, permitam-me o paradoxo. Porque procuramos sempre fugir, ou pelo menos tentar escapar, de algo que é inerente ao crescimento humano? Sei que ninguém nasceu para viver só, mas é somente na solidão que aprendemos sobre nós mesmos: o que somos, quem somos. E temos receio da solidão porque, quando solitários, somos instigados a ficar em silêncio, a pensar e refletir sobre várias coisas. Refletir sobre o que realmente queremos e desejamos, sobre nossas tristezas, alegrias, sobre sonhos nunca realizados, sobre nossos deslizes, nossas limitações... Por isso que a presença, muitas vezes física apenas, do outro nos dá uma sensação de segurança que coíbe certos questionamentos difíceis, mas muitas vezes fundamentais. Será que eu sou realmente quem eu sonhei um dia? Ou será que eu me tornei ou estou me tornando alguém totalmente diferente da minha essência por medo de ficar só e aprender um pouco mais sobre mim? Tenho certeza de que você deve conhecer alguém que está vivendo um relacionamento com uma pessoa simplesmente porque ela é “boazinha”. Boazinha em que sentido? De que ela não questiona, é fácil de levar, não faz você se questionar e deixa com que você permaneça estagnado? Será que é um relacionamento feliz, que o fará crescer?
Na maioria das vezes colocamos a culpa dos problemas no outro e achamos que o tempo resolve tudo. Nada como um dia após o outro, não é mesmo? Só que o tempo não resolve problemas ignorados. Infeliz aquele que pensa que as dificuldades desaparecerão com o raiar do dia. Um dia aquela união que parecia tão “segura” começa a fragmentar-se, e o que é pior, de dentro pra fora. Para os menos atentos, a relação continuará intacta, mas a estrutura, definitivamente condenada. E a culpa quase nunca está no outro. Quantas pessoas deixam de ser quem são e viver aquilo que têm vontade por que se acomodam em situações assim? Para mim isso só tem um nome: COVARDIA. E depois, de nada adianta reclamar. Tudo bem que a covardia em viver algo verdadeiro pode até nos preservar de sofrimentos repentinos, súbitos, mas também é certo de que essa mesma covardia nos priva da coisa mais extraordinária da vida: a alegria de momentos únicos, inesquecíveis e cheios de fulgor! A solidão me fez acreditar que só existe amor real depois que ela (solidão) se torna uma boa companhia. Só quem se sente bem consigo mesmo pode ter algo a oferecer ao outro. Do contrário, por mais que você esteja com alguém, continuará a sentir-se só e nada, nem ninguém, conseguirá preencher este vazio. Isso remete mais uma vez àquela frase já dita anteriormente: “solidão é ausência de nós mesmos, de ninguém mais!”.
Portanto, cuidado! Escolher alguém que proteja você de si mesmo NÃO é amor: é insensatez!

por Flávia Ferreira

segunda-feira, maio 22, 2006

O TEMPO É AGORA!

“…mais uma vez fica aquela lição que de exaustivamente dita, se torna inaudível. Porém, freqüentemente retorna para dizer o que é a mais pura verdade: ´Viva cada instante como se fosse o último´. Porque este o é! E aí, só nos restam as lembranças.”

Essas palavras de um amigo me levaram a refletir sobre a efemeridade da vida. E essa é, de fato, a primeira grande lição que aprendemos com as perdas: Que tudo é efêmero! O amor, o ódio, a amizade, o tempo, o espaço, inclusive a própria vida. Tudo tem um começo, mas também um fim. Nem que seja na morte, acaba. Portanto, já que a vida é tão efêmera, deveríamos aproveitá-la ao máximo, e AGORA! Só que as pessoas costumam reclamar muito da falta de tempo. Falta tempo pra se conhecer, falta tempo pra conversar, falta tempo pra visitar quem se gosta, falta tempo pra tudo. E assim a vida vai passando. Quem sabe um dia aparece um “tempinho” não é? Será que esse dia vai chegar mesmo? A impressão é de que hoje a grande idéia fixa e “egocêntrica” das pessoas é apenas em trabalhar pra ter dinheiro, em estudar pra ter dinheiro, passar num concurso pra ter dinheiro, ter dinheiro e... ter dinheiro! Dinheiro para comprar uma casa melhor, um carro do ano, uma roupa da moda. Dinheiro para cada dia ter algo novo, algo maior, algo melhor. Algo que ‘encha’ os olhos. Ser rico é a solução? Sendo rico você pode comprar coisas e até algumas pessoas, mas, jamais comprará sentimentos. De que adianta viver com a vida cheia de bens e o coração vazio de amor? Não vale a pena! As coisas foram feitas para serem usadas e as pessoas para serem amadas. Conviver com a família, com os amigos, valorizando as pessoas, são coisas que enchem o coração e engrandecem a alma. Isso, porém, deixou de ser prioridade. Quantos filhos só descobrem o valor dos pais depois que eles morrem? Quantos amigos se vão sem que tenhamos dito o quão importante eles eram para nós?

As perdas são inevitáveis. Mas devemos aprender com elas e tentar resgatar o que ainda pode ser recuperado: sentimentos, relações, histórias... Isso ainda é possível. Pare um pouco e reflita sobre o que você anda fazendo com seus dias, com sua vida! A única perda irrecuperável é a perda de TEMPO. Por isso, o tempo é AGORA!

E VOCÊ, está mais preocupado em ‘encher seus olhos’ ou em ‘encher seu coração’?

por Flávia Ferreira

sexta-feira, maio 12, 2006

O BRILHO DE UMA PÉROLA

“Não habitei teu ventre, mas mergulhei nas entranhas da tua alma. Não fui plasmada do teu sangue, mas alimentei-me do néctar dos teus sonhos...”

Amar um filho de sangue é fácil, já que a própria natureza se encarrega de colocá-lo em seu caminho. Agora, ser mãe genuína de um desconhecido é sublime... É algo que vai muito além do biológico, nasce da alma. Por isso, neste dia tão especial, eu gostaria de homenagear todas as mulheres que não deram à luz, mas, deram ‘VIDA’ a tantos filhos de coração. Filhos dados por DEUS, pois é Ele que, antes de conceber uma criança no ventre de qualquer mulher, já tem na terra o ‘anjo’ que irá recebê-la.

Noves meses se passaram. Foram meses de muita luta! Luta para nascer, luta para viver, luta para sobreviver, enfim, luta pelo direito de ter uma família e de ser muito amada. Este direito não me foi negado. Eu consegui. Nasci! E pelas mãos de DEUS fui levada para uma família maravilhosa onde dois ‘anjos’, ansiosamente, aguardavam por mim. A felicidade deles, naquele momento, foi algo incomparável, pois a espera não foi como numa gestação normal de nove meses, ao contrário, ela durou anos. E naquele dia eu nasci, ou melhor ‘renasci’, da união de duas almas, de dois corações abarrotados de amor. E esses ‘anjos’ decidiram doar tudo de melhor para aquela “pequerrucha” que acabava de chegar, dentro de uma cestinha, como um lindo presente. O tempo foi passando e, com seu jeitinho doce, minha MÃE sempre repetia que eu era a filhinha nascida do coração. Sem muito compreender, eu achava lindo, mas não tinha noção do quão sublime e especial era esse amor, nem da tamanha importância que eu tinha na vida dela. Quando se vive um processo de adoção, aguardando o filho ou a filha do coração chegar, não é a barriga da mulher que cresce como na gravidez. É o coração que aumenta. Ele fica enorme, cheio de amor, só esperando a criança chegar. Minha mãe sempre procurou me falar que, independente da forma como eu tinha vindo ao mundo, DEUS já tinha me escolhido para ela. Lembro-me de algumas vezes, na escola, ouvir comentários de que eu não parecia nem com meu PAI, nem com minha MÃE e aquilo me deixava triste porque, até por ser uma criança, eu não conseguia enxergar além da aparência física. Mas hoje tenho certeza que pareço SIM. E muito!! Minha mãe pode não ter me gerado, mas foi ela quem me deu a vida. Posso não ser fruto da sua hereditariedade, mas fui moldada no valor do seu caráter. Ela que fez de mim uma pessoa íntegra, um ser humano no sentido pleno da palavra. Ela que me ensinou a ter fé em DEUS. Com ela aprendi tudo que sei. Aprendi não só a ter amor, mas aprendi a amar. E aos que me perguntarem agora: Como é saber que você não é filha natural de seus pais? Eu lhes responderei: sou a filha natural do coração e, por isso, inigualável.


MÃEZINHA, a minha homenagem a ti é eterna e independe de data ou qualquer outra ocasião especial... Sempre ouvi tu te referires a mim como uma pérola preciosa. E sempre pedias aos que estavam próximos de mim: ‘cuide da minha pérola’. Mas nunca havia me dado conta da grandeza do significado de tal palavrinha. Agora entendo que não fui uma semente fecundada no teu ventre, mas, sim, uma PÉROLA gerada pelo teu amor para brilhar na tua vida. E se eu não nasci DE ti, certamente nasci PARA ti...

por Flávia Ferreira ( a tua pequerrucha)

sábado, maio 06, 2006

QUE DURE ENQUANTO FOR ETERNO!!!

Não sei se é apenas uma constatação ou é fato, DE FATO! Mas as pessoas estão cada vez mais egoístas, introspectivas, intransponíveis. Parece que a preocupação não é mais em conquistar, somente em ‘ganhar’ o outro. O corpo tornou-se uma espécie de fiador de relacionamentos. Tanto o homem quanto a mulher comportam-se como se a vida fosse um jogo e a conquista dependesse apenas da vitória. Uma vez ‘ganha’ a partida, nada mais deve ser feito! O que muitos não percebem é que, no relacionamento amoroso, é necessário conquistar sempre. Ninguém ganha o outro eternamente. A conquista, essa sim, que deve ser eterna, pois algo eterno é algo que se renova, que se transforma através dos tempos.

Nada pode ser mais lesivo para o amor do que a sensação de permanência, de estagnação do sentimento, de inércia do parceiro. Aqueles que acreditam que depois de firmada a conquista não é necessário fazer mais nada, estão fadados ao fracasso em qualquer relação. O amor é um sentimento a ser aprendido. E mesmo ao lado da alegria e da satisfação é preciso considerar sempre a doação e o sacrifício. Mais do que SABER-SE amado é necessário SENTIR-SE amado. No amor precisa-se ser desvelado, galgar degraus, dia após dia, cuidar permanentemente para que não decaia o encantamento. É necessário o cortejo, a surpresa, a abnegação. Permito-me aqui a adaptação de uma frase que li certa vez onde mais ou menos assim dizia: “...admirável não é aquele que conquista várias pessoas ao longo da vida, mas sim, aquele que conquista por várias vezes a mesma pessoa...”

E o amor? Será que é eterno? Você pode fazer com que seja eterno enquanto dure ou que dure enquanto for eterno. Depende de como você compreende a eternidade...

por Flávia Ferreira

segunda-feira, abril 24, 2006

DE REPENTE 30!!!!

Hoje me tornei uma balzaquiana! Quase sempre em tom pejorativo, já ouvi e suportei piadas, rótulos, brincadeiras, tudo por causa do estigma que essa palavrinha traz. Provavelmente por que nem todos que brincam com o termo chegaram a ler “A Mulher de Trinta” do escritor francês Honoré de Balzac que viveu no início do século XIX. Muitos não sabem que este livro constitui uma grande etapa na história da emancipação feminina. Balzac revelou os sofrimentos da mulher incompreendida que não encontrou, no casamento, a realização de seus sonhos.

Mas será que em pleno século XXI ainda estamos condicionadas à sombra de um relacionamento? Infelizmente, para muitos, ainda estamos sim. Como antigamente para se viver um romance era preciso ter no máximo vinte e poucos anos, criaram o rótulo de que balzaquianas são encalhadas. Mas como o tempo não pára e a fila anda, os 30 chegam e, com eles, as cobranças de todo lado. São tias cobrando casamento, pais cobrando netos, você mesma cobrando-se a compra de um imóvel próprio, de um trabalho melhor, sem falar na corrida contra o relógio biológico e a eterna preocupação em manter-se jovem e bela.

Os machistas e “as” machistas de plantão costumam dizer que se a mulher chegou aos 30 e ainda não se casou é porque tem algum problema. Isto é uma afronta! Para Balzac, e não só para ele, as mulheres de 30 estão no ápice da vida, conhecem como ninguém a arte de seduzir e encantar, e têm muitas histórias para contar. Mas realmente são muitos os conflitos de nós balzaquianas. Vivemos a vida no limite e estamos constantemente sendo postas à prova em qualquer lugar e em qualquer situação. Exigem-nos mais, mas também exigimos muito.

Eu diria a esses insensatos pensadores que não temos problema, ao contrário, somos a solução. Antes não existíamos, agora estamos aí: Singulares e especiais, porque nós, mulheres de 30, temos a garra das de 20 e a maturidade das de 40. Na verdade o grande problema, talvez o mais inquietante conflito, é encontrar alguém à altura. Não pode ser qualquer um. É preciso um homem com “H” que acompanhe uma mulher assim: mais madura, mais sensual, menos tímida, mais realista, mais vivida e, principalmente, mais MULHER...

por Flávia Ferreira

quarta-feira, abril 19, 2006

UMA PAIXÃO QUE DÁ CERTO!

Um amigo, certa vez, contou-me uma historinha da mitologia grega mais ou menos assim: “Havia duas criaturas que eram muito grudadas – com quatro pernas, duas cabeças, um pênis e uma vagina. Eram completas, felizes. Tão felizes que provocaram a inveja de Zeus, que com um raio as separou em duas pessoas: um homem e uma mulher. Mas com a maldição de que uma metade jamais encontraria a outra.”

A paixão é um sentimento tórrido que, muitas vezes, nos leva a um estado de total insensatez, de completa insanidade. Quando este sentimento toma conta do nosso ser, acreditamos ter encontrado aquela metade da historinha. Tão forte é essa sensação que o desejo pelo outro sobrepõe o desejo por nós mesmos. É como se a outra pessoa fosse o um pedaço perdido de nós sem o qual não conseguiríamos viver. Mas se pensarmos assim, como metades tangíveis, quando ocorrer a perda, ou o rompimento, o que vai acontecer? Vamos nos perder também. E este é o grande nó das relações: atribuir a felicidade ao outro, quando, na verdade, ela deve estar presente em cada indivíduo. Não podemos acreditar que a pessoa de quem gostamos é responsável pela nossa felicidade. Geralmente entramos nos relacionamentos buscando a paixão, sem nos darmos conta de que este é um sentimento que temos que trazer dentro de nós.

Voltando à historinha, podemos dizer que a atitude de Zeus, ao separar as duas metades, não foi de apartá-las, mas, sim, de aproximá-las definitivamente. A ‘metade’ homem realmente jamais vai encontrar a ‘metade’ mulher. Encontrar no sentido de achar-se em, pois a paixão pode ser integradora SIM, mas só se você perceber que o gostar está em si e não no outro. A paixão é elementar, o amor é derradeiro. Sabemos que ela é efêmera, mas também pode tornar-se algo perene. Para isso, é preciso abrir espaço para que esse sentimento amadureça, fortifique-se, transforme-se e nasça primeiro em seu coração. Não adianta querer ouvir a melhor declaração de amor se ela não fluir primeiro de dentro para fora. Lembre-se: antes de tudo e de todos experimente uma paixão que dá certo: apaixone-se por VOCÊ!

por Flávia Ferreira

terça-feira, abril 11, 2006

MEU MAIOR AMOR, MEU MELHOR AMIGO!

Jesus, o melhor amigo da humanidade! Eis uma frase justa para classificar nosso grande Mestre. ELE fez de tudo para mostrar ao homem, criatura tão frágil em sua essência, que o amor é uma busca que jamais deve cessar-se. Santo Tomás de Aquino nos ensinou que Deus é amor em ato! É aquele amor verdadeiro que age, transforma, participa e se dá. E JESUS foi a prova viva desse sentimento. No ápice da dor, JESUS também atingiu o ápice da sensibilidade, da sabedoria, do humanismo. Esse Mestre queria ensinar a principal arte da inteligência e a mais difícil de ser aprendida: a arte de amar. ELE nos ensinou a amar, amando! JESUS foi incompreendido, rejeitado, zombado. Foi ferido física e psicologicamente, mas ainda assim não se tornou agressivo, pelo contrário, oferecia a outra face àqueles que o feriam. JESUS queria apenas mostrar que dar a outra face não era sinal de fraqueza, mas, sim, sinal de segurança e força. Dar a outra face é respeitar o outro, é procurar compreender os fundamentos da sua agressividade. E só alguém muito forte e seguro é capaz de amar ao próximo como a si mesmo, sem restrições.

Esta semana chamada “santa” deveria ser dedicada e consagrada ao PAI. Mas infelizmente muitas pessoas, algumas por ignorância, outras por falta fé, outras até por ‘má’ fé, só querem curtir os dias de descanso, ganhar muitos ovos e comer bastante chocolate. Esquecem o verdadeiro e principal significado de um momento como este. Essas pessoas não conseguem enxergar o ‘AMIGO’ tão precioso que têm. Um amigo que foi capaz de dar sua própria vida pelo próximo, que nem sempre estão/são tão próximos assim. Estamos chegando ao fim da quaresma, mas ainda há tempo de você parar, refletir, conhecer um pouco mais sobre este grande amigo que você tem, mesmo que ainda não o conheça de fato. ELE não morreu de braços abertos naquela cruz por acaso. Foi para que você soubesse que seus braços iriam continuar sempre abertos para lhe receber. Se entregue e sinta esse abraço gostoso que acalenta, que renova as esperanças, que reanima a alma e reaviva a emoção. Mesmo que você ainda não saiba, é JESUS seu maior AMOR, seu melhor AMIGO.

por Flávia Ferreira

terça-feira, abril 04, 2006

SEM MEDO, SEJA FELIZ...

Alguém tem medo de ser feliz? Em princípio NÃO! Esta parece até uma pergunta tola, sem nexo, já que felicidade é o que todos querem e buscam nessa vida. Então, como explicar a estranha sensação que temos quando tudo vai muito bem? Por que o medo de falar, ou de gritar, de expor sentimentos? É como se essa felicidade fosse algo tão frágil, tão débil, que pudesse nos evadir, sumir a qualquer instante. Frequentemente ouvimos frases do tipo: “...estou tão feliz que tenho até medo;" "não fala não porque senão estraga;" "não conte pra ninguém que dá azar..."; “tudo que é bom dura pouco...”; “tava muito bom pra ser verdade...” E por aí vai. O ser humano vive em busca da felicidade de fato, mas, quando se depara com ela, tem tanto receio e fica tão desacreditado de tê-la encontrado, que acaba afastando-a. Mas como pode?

No amor, por exemplo, muitos temem até mesmo a possibilidade de terem medo. O medo de ser feliz parece ser tão ‘inerente’ que faz as pessoas assumirem determinados comportamentos que acabam destruindo qualquer relacionamento. Isso tudo porque uma vez perdido o amor, a pessoa sente-se aliviada do terrível sentimento que é a AMEAÇA de perder, daquele pânico de ser abandonada. Então ela prefere abandonar antes de ser abandonada. Nossa, complicado isso! Em suma, por medo de não sermos amados, não amamos. Agora, quem garante que seremos abandonados? Ou que não vamos ser amados? E se não formos? E se realmente formos abandonados? Que mal há nisso? Não pergunto por que, mas para que o medo de tentar? Se o NÃO tentar evitasse sofrimento, pouquíssimos reclamariam da vida, pois são cada vez mais raros aqueles que ousam arriscar. A vida será sempre um risco e nela vamos “encontrar” e vamos “perder”. É inevitável. A vida é feita de desafios. Cabe a nós fazer desses desafios ferramentas valorosas para o nosso crescimento.

Provavelmente o medo de se envolver numa relação amorosa real e possível pode estar dentro de você mesmo. É muito comum ver no outro aquilo que se encontra dentro de si, sem que se tenha consciência disso. É muito mais cômodo julgar-se vítima das situações do que procurar as razões que o fazem permanecer nelas. Muitas vezes ficamos alimentando o nosso presente com as decepções do passado. Dessa maneira sabotamos qualquer possibilidade de felicidade num futuro. Portanto, esteja atento para não cair nas armadilhas da sua própria insegurança. Lembre-se de que felicidade é um estado de espírito e não uma meta de vida. Dê a si mesmo a chance de experimentar algo genuinamente bom. Tentar é viver, ter medo é morrer! Só existe um ser capaz de arruinar a sua felicidade: VOCÊ mesmo!

"Arriscar-se é perder o pé por algum tempo. Não se arriscar é perder a vida..." (Soren Kiekegaard)

por Flávia Ferreira

sexta-feira, março 24, 2006

ONDE DÓI?

Machucar o joelho dói. Trancar o dedo na porta dói. Levar um tapa dói. Torcer o pé dói. Mas que dor pode ser tão intensa e profunda como a dor da perda? Perder um amigo, perder um parente, perder uma chance, perder um sonho, perder um amor... O meu amor chegou abrindo seu coração. Incorporou-se a mim, à minha vida. Meu amor iluminou meu destino, clareou minhas idéias, preencheu a minha alma. Mas eu, tola, não soube receber tudo isso! Escondi-me atrás de fantasmas do passado e medos infundados do futuro. Mas quem de nós pode prever o futuro? É assim que perdemos nossos amores. E dói, dói muito! Onde dói? TUDO! Essa é uma dor devastadora, uma dor que julgamos não ser possível de suportar.

Essas dores parecem eternas. E o pior é saber que nada mais pode ser feito e que agora está tudo nas mãos de DEUS. Mas ELE diz: “...continue fiel a mim e eu vos serei fiel diante do meu PAI.” Obrigada amiga, pelas sábias palavras. Elas estão guardadas no meu coração e o seu exemplo também. Como você disse, aquela "dor" passou a ser esperança de que a restituição que Deus tem para nós enxuga o pranto, finda toda e qualquer angústia, substitui os “porquês” com os "para quês" e no final transmite uma paz que ultrapassa todo e qualquer entendimento. Depois que descobri o amor de DEUS, as mesmas pessoas que viram meus olhos assustados, hoje podem ver um brilho diferente neles. E aquela expressão apreensiva em meu rosto, deu lugar a um lhano e singelo sorriso que emana quando o Senhor fala ao meu coração. Sei que hoje inúmeras pessoas estão vivendo dores impossíveis de serem curadas aos olhos humanos. Dores que estão fora do alcance de seus braços, de suas capacidades físicas e até emocionais. Digo a essas pessoas que se permitam uma chance, uma oportunidade de abraçar um DEUS que acalenta e que nunca abandona.

Às vezes é preciso perder para encontrar. Perder-se para encontrar-se. Perdê-lo para encontrá-lo. Foi preciso perder meu amor para que eu pudesse despertar para uma nova realidade. Foi preciso que o desespero e a dor tomassem conta de mim, assolando minha mente, minha sanidade, me torturando em lágrimas, para que eu encontrasse o verdadeiro amor: o amor puro, o amor singelo, o amor altruísta, o amor de DEUS. Finalmente consegui me livrar das correntes que me prenderam aos erros do passado. Fechei os olhos. Respirei. Harmonizei minha alma e fiz como a fênix: renasci das minhas próprias cinzas. E eu te agradeço, meu DEUS querido e amado, por mais um dia de amizade, de total confiança e de imensa paz!

por Flávia Ferreira