sexta-feira, outubro 13, 2006

DECIDA-SE

“...você precisa agora aprender a reconhecer sua vida e a ter a coragem de dizer ‘Assim escolhi!’ O espírito de um homem se constrói a partir de suas escolhas...” (Quando Nietzsche chorou - Irvin Yalom)

Esse livro me fez refletir sobre escolhas. Por que temos escolhas? Será que é bom termos escolhas? Será que seríamos mais felizes se tivéssemos uma espécie de mapa para nos guiar pelos caminhos da vida? Às vezes seria mais fácil e cômodo termos um ‘manual’ ou até mesmo alguém que escolhesse por nós, como na infância. Nessa época são sempre nossos pais que decidem por nós. Escolhem nossas roupas, nossa comida, nossas escolas, nossos amigos, escolhem até o que vamos ser quando nos tornarmos adultos. Mas o tempo passa e nós crescemos, ou melhor, precisamos crescer. É aí que devemos aprender a tomar decisões. E cada decisão é uma escolha. São elas que nos tornam mais ou menos felizes, porque até a própria felicidade é uma escolha. Podemos escolher o que vamos fazer hoje. Podemos escolher que atitude tomar diante da vida e das pessoas. Podemos escolher entre falar e calar, entre amar e odiar, entre querer e não querer, enfim, podemos escolher como viver. Mas claro que nossa mente é traiçoeira e há momentos em que paramos para pensar nas escolhas que fizemos. Começam os questionamentos. Como será que eu estaria hoje se tivesse tomado outra decisão? E se eu tivesse escolhido outro caminho? Isso é normal. Pensar é normal, afinal de contas somos humanos. O que não podemos é nos condenar ou deixar que os outros nos condenem por decisões tomadas. Isso não. Existem pessoas que vivem com um vazio enorme por conta de escolhas ‘erradas’ e ficam presas ao passado, às decepções, às tristezas, aos arrependimentos, à culpa. É preciso aprender a lidar com os erros, sem transferi-los para mais ninguém.
Eu faço as minhas escolhas. Sei que já fiz escolhas erradas. Muitas! Já sofri, já chorei, já ri, já lamentei. Mas procuro não me arrepender. Sei que nem sempre tudo acontece ou vai sair como planejei, da maneira que eu queria, mas, nessas horas, é melhor seguir em frente aprendendo com os erros do que se arrependendo deles. Como citado no livro, cada escolha errada molda nosso espírito. Minhas escolhas moldaram meu caráter, minha alma, e graças às minhas más decisões pude me tornar alguém melhor. Eu já deixei que muitas pessoas escolhessem por mim, tomassem decisões no meu lugar. Mas cansei. Cansei de conselhos. Cansei de seguir o caminho dos outros. Estou trilhando meu próprio caminho, com minhas íngremes subidas e súbitas descidas. Sei que muitos obstáculos podem e vão aparecer. Mas a mim só cabem duas alternativas quando encontrá-los: ser forte ou fraca diante deles. Não quero mais que os outros me digam o que é certo ou errado, o que devo ou não fazer com minha vida e como fazer. Sei que existem decisões que envolvem duas, três, dez ou mais pessoas, mas sei também que as decisões mais importantes são aquelas que envolvem apenas uma: EU mesma!

“Devo meu sucesso às minhas boas decisões. E devo minhas boas decisões à minha experiência. E devo a minha experiência às minhas más decisões do passado”. (Henry Ford)


por Flávia Carvalho

2 comentários:

Zeca-DF disse...

Flávia, novamente parabéns pela crônica verdadeira e sincera. Infelizmente pessoas como você são muito poucas hoje em dia. A consciência de que o que obtemos da vida está profundamente relacionado às escolhas que fizemos ou fazemos nos permite estar abertos a identificá-las e ratificá-las ou retificá-las. E esta é uma grande escolha final. É possível mudar. E um bom modo de fazê-lo é com base em Jean P. Sartre: "Não importa o que fizeram de mim, o que importa é o que eu faço com o que fizeram de mim." Em suma, ser consciente das escolhas que fazemos é entrar no mundo mágico das possibilidades. É saber que existem infinitas formas e caminhos e que a vida é daqui para a frente. Devemos lutar e construir todos os dias o nosso futuro, a nossa felicidade.

Anônimo disse...

Essa é uma lição pra todos. Acho que levei um tapa na cara agora Flavinha!! Sei que suas palavras não foram diretamente pra mim, mas te agradeço mesmo assim. Preciso começar a pensar diferente.