segunda-feira, junho 19, 2006

A INSUSTENTÁVEL LEVEZA “DE” SER

"Mas o homem, porque não tem senão uma vida, não tem nenhuma possibilidade de verificar a hipótese através de experimentos, de maneira que não saberá nunca se errou ou acertou ao obedecer a um sentimento."

Eu quero - mas finjo que não. Eu morro de medo - mas me faço de forte. Eu não sei nada - mas banco o especialista. Quantos de nós já não agimos ou pensamos assim em algum momento de nossas vidas? Quantos de nós vivemos presos a uma ‘casca’ que esconde ou simplesmente tenta esconder nossa verdadeira essência? Mas porque temos que viver assim, limitados a exigências legais, regras, normas, preceitos, julgamentos? São sempre tantas perguntas e tão raras respostas... Mas responder pra que? Para mais uma vez justificar aquilo que não se justifica, tentar explicar aquilo que não tem explicação?

No clássico, que já virou até filme, “a insustentável leveza do ser”, o autor Milan Kundera fala essencialmente do ser humano, da vida que é única, do amor, das relações entre as pessoas, que se tornam complexas pela sua simplicidade. Chega a ser paradoxal, mas é o que muito acontece. Na vida, tudo aquilo que escolhemos e apreciamos pela leveza acaba se revelando um peso insustentável. Porque não citar o AMOR como exemplo? Ele é maravilhoso, pois ultrapassa todas as categorizações do ser. O amor aceita incondicionalmente e se entrega, sem cobrança e sem troca. Isso é ser livre, isso é ser leve! Mas as pessoas tendem a complicá-lo, impondo regras, limites, fazendo juízos, até que chega um ponto em que ele não se sustenta mais. E o que é pior, além de insustentável, muitas vezes torna-se intolerável.

Talvez a leveza ‘de’ ser ‘do’ ser humano incomoda. Incomoda porque, para muitos, a vida tem que ser pesada. Temos sempre uma cruz para carregar. Mas o peso da vida está exatamente em toda forma de opressão. Está dentro de nós mesmos que nos permitimos e aceitamos a “cruz” que querem nos dar. Seja julgando ou sendo julgados, seja falando ou ficando em silêncio, seja acertando ou errando. Devemos viver as NOSSAS vidas e não a dos outros, ou a que os outros querem que nós vivamos. Erros e acertos são relativos à ótica do analista e a VIDA meu amigo, como disse Kundera, é uma só!



por Flávia Ferreira

Um comentário:

Galego disse...

O peso advem da falsa moral, da falsa ética, da hipocrisia. Não se crê naquilo que se faz. Eu sei que estou usando clichês, mas é nisso que acredito. Os que vivem ou viveram à margem de tudo, das regras, dos “bons costumes” são considerados loucos, gênios ou simplesmente imbecis.
A “falsa ética” e a “falsa moral”, já é por si, uma hipocrisia minha, pois, o que entende-se pela “verdadeira ética” e “verdadeira moral”? Quem julga isso?
Vivemos de aparência e ai, por si só, ficamos cegos, impedimos o amor de prevalescer.
Mas cada um pode escolher o tamanho da cruz que vai carregar. O que eu só acho irritante é a pessoa escolher a cruz mais pesada e passar o caminho inteiro reclamando que sua cruz eh pesada e ainda dizendo que a do outro é mais leve!! Ora, ora!! Cada um escolhe a sua e assuma a responsabilidade do peso! E eu digo mais: você pode ate seguir eu caminho sem cruz nenhuma!! Apenas seja Feliz. Sem Peso, sem Ter, sem Carregar. Apenas Sendo. Apenas Sentindo. E ai sim: Amando e Existindo.
Parabéns Flavinha por mais um filosófico. É assim que deixamos de ser as “vacas” de Nietzsche.

Beijo proce.

Galego.