segunda-feira, junho 26, 2006

VIVO, LOGO PENSO!!

“…one should not increase, beyond what is necessary, the number of entities required to explain anything…” (Occam's razor)

Este antigo princípio da lógica filosófica de William de Ockham, também conhecido como princípio da parcimônia, diz que o ser humano não deve procurar mais explicações além do mínimo necessário para resolver um problema. Ou seja, se temos que escolher uma dentre muitas teorias, e não temos evidências que privilegiem alguma em relação a outras, então devemos ficar com a teoria que requeira menos hipóteses, logo, a mais simples.

Por muito tempo eu busquei razões para tudo que acontecia comigo. Buscava sempre explicações para determinadas situações vivenciadas. Mas porque isso está acontecendo? Porque aquilo não deu certo? Porque as coisas têm que ser assim? Estava sempre atrás de uma palavra de conforto, de uma explicação ‘lógica’, de algo que me trouxesse paz. Eu queria acreditar que tudo tinha uma razão de ser. E buscava uma explicação racional para isso. Mas esta era uma busca interminável simplesmente porque, para determinadas ações, não existem razões, principalmente quando envolvem pessoas e sentimentos. Nós, apesar de ‘simples’ mortais, gostamos de complicar. Gostamos de imaginar o que não existiu, gostamos de presumir, pressupor, prever... E nesse jogo social humano nem sempre temos razão. Temos vontades, desejos, feelings. Muitas vezes tentamos nos justificar usando da nossa razão. Mas acredito que isso funciona muito pouco. O SER humano é complicado, mas eu gosto de ser exposta a tudo que diz respeito às relações humanas. Eu penso. Eu reflito. Eu cresço com isso. Fazendo uma inversão à máxima cartesiana “penso, logo existo”, eu arriscaria dizer que eu não existo simplesmente porque penso. Eu vivo, por isso penso.

Confesso que até já tentei ser mais racional. É verdade! Mas não gostei nem um pouco do resultado final que meus parcimoniosos e frágeis neurônios me renderam depois de toda esta fatigante racionalização. Cheguei a triste conclusão de que ser racional demais me faz sofrer. E sofrer muito. Sabe por quê? Simples! Porque, racionalizando tudo, eu acabava sempre “concluindo o que não queria ter concluído”. É por isso que hoje eu tento seguir o princípio de Occam, pois acredito que se existem diversas explicações igualmente válidas para uma determinada coisa, então provavelmente a mais simples deve ser a mais certa!

"It is vain to do with more what can be done with fewer"- William of Ockham

por Flávia Ferreira

6 comentários:

Galego disse...

Senso-crítico. Talvez seja isso que resuma o que voce disse. Eu concordo com as conclusoes que voce chegou. Porem, nao podemos deixar de pensar. Se reduzirmos essa ação do pensar para o "mais simplorio" chegaremos ao comodismo e a conformação de que as coisas sao o que sao, porque sao como são. E ai, nao cabem mudanças ou intervençoes. O Senso-crítico tem que existir. Vivo, logo penso, logo critico, logo mudo.

Vamo que vamo que desse jeito o seculo XXI vai ganhar uma filosofa.

beijos.

Anônimo disse...

Certíssima, querida. Eu também já fui extramente racional quase sempre na minha vida e sofri bastante. Se eu fosse ouvir a razão não teria casado com o Ro, imagine, alguém que conheci na internet! É ilógico isso O fato é que sempre há razões, embora elas às vezes destoem do senso comum... Estou adorando seus textos. Vc é DEZ!

Anônimo disse...

Olá Flávia,
Muito legal o seu blog! Conheci por meio de uma amiga e agora sou sua fã, pois acho que você consegue expressar, com perfeição, em palavras muito do que sentimos. Com relação a esse texto, eu acho que se formos fiéis aos nossos sentimentos e a nossa intuição e não ao politicamente correto, a probabilidade de momentos felizes é maior.

Anônimo disse...

Bom, tava olhando esse blog aqui e decidi q vou ser frequentador assíduo, se vc quiser, é claro. Seus textos são excelentes e sua forma de pensar e passar o que vc sente tb. Vc deve ser uma pessoa muito sincera e transparente. E isso é raro hoje em dia. É disso que o mundo precisa. Mulheres, que além de lindas são inteligentes. Parabéns.

Anônimo disse...

“..a razão é quem mais nos fala e a emoção quem mais nos torna. E por mais que a primeira resista, a segunda sempre vence...”

Anônimo disse...

Flavinha, eu penso que a sua arte está muito mais ligada a situações inusitadas,e daí,sim,brota a beleza da compreensão na leitura. A razão é normativa, diz o que é certo ou errado, segundo nossas próprias convenções. Acho que usamos mais a emoção mesmo,a velha intuição,e a gente vai vivendo de tentativas a vida inteira. Uma hora acertamos. E se não acertamos é porque ainda não chegou a hora, certo?