quinta-feira, fevereiro 23, 2006

UM JARDIM CHAMADO AMOR

“Não corra atrás das borboletas, cuide do seu jardim e elas virão até você". Esta frase que escutei hoje me fez parar, pensar e refletir um pouco sobre a busca incessante do ser humano pelo grande e eterno amor. Mas o que pode ter tal sentimento em comum com borboletas? Acabei por projetar um conceito, inconsiderado talvez, ou apenas uma idéia a ser apreciada com desvelo. Antes que a borboleta assuma aquela forma colorida, viva e reluzente é necessário que ela passe por uma metamorfose. Para passar de larva a borboleta ela tem que antes experimentar o casulo. Ela precisa se retirar por um tempo, rever suas formas, repensar o seu mundo. É preciso que a borboleta se isole para entender e aceitar quem verdadeiramente é e, dessa forma, seguir livre para voar e viver. Assim também deve acontecer conosco. É fácil para quem já tem um amor tentar incentivar os outros com frases do tipo: “o que é seu tá guardado...” ou “calma que sua hora vai chegar...” Difícil é para quem está do outro lado, com pressa e já sem paciência, entender essa realidade.

Por isso devemos ser iguais às borboletas. Precisamos nos preparar para receber um grande amor. Precisamos nos amar primeiro para saber esperar sem ânsia, tranqüilos e serenos, o que Deus nos reservou. E muitas vezes é necessário entrar no casulo até que ocorra o processo de maturação. É um processo que diz respeito não somente a estar só, massaber’ ficar só por um tempo, até que a transformação aconteça. O tempo pode até não passar mais rápido, mas a maneira de encarar as coisas e as pessoas passa a ser diferente. E a espera, mais amena. O amor não é só alegria como muitos dizem ou querem acreditar que seja. Amar é uma viagem rumo ao desconhecido. É tensão e satisfação. Ora é desejo, ora é hostilidade. Ora alegria, ora dor. Um não existe sem o outro. A felicidade apenas faz parte deste processo. É preciso entender que esta é uma viagem ora aprazível, ora enfadonha, e o GUIA só pode ser você mesmo, enquanto o outro é apenas um companheiro de jornada.

O amor não é algo a ser procurado, nem aprendido. O amor não é algo que encontramos. É ele que nos encontra! Até porque o amor está onde menos se imagina e vem quando menos se espera. No final das contas, você vai encontrar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você! Portanto, saia do casulo, passe pela transformação da larva e siga livre como a borboleta. Aí você poderá juntar-se a tantas outras e voar lado a lado com elas. Um dia, quando você menos esperar, uma borboleta vai decidir lhe acompanhar e ambas seguirão sempre na mesma direção, rumo a um belo e maravilhoso jardim chamado AMOR.

por Flávia Ferreira

terça-feira, fevereiro 14, 2006

SOBRE MUROS E PONTES

No emaranhado de problemas de um mundo tão enredado, as pessoas parecem estar cada vez mais distantes uma das outras, mais distantes de si mesmas e principalmente mais distantes de Deus. As pessoas estão deixando de ser autênticas, transparentes, no próprio sentido literal da palavra. Mas o que é ser transparente em sua essência? Será que é simplesmente ser sincero e não enganar aos outros? Será que é só falar o que se pensa, expressar opiniões? Para mim é muito mais do que isso. Ser transparente vai além da sinceridade. É ter a ousadia não só de falar o que sente, como sente e por que sente, mas também de permitir-se sentir. É algo que se percebe facilmente, é claro, é evidente. Pessoas transparentes são aquelas que deixam perceber um sentido oculto. O indivíduo transparente é como um corpo que deixa passar os raios de luz permitindo que se vejam os objetos através dele.

Mas porque essa é uma tarefa tão difícil e que a cada dia torna-se mais distante de nossa realidade? Porque muitos preferem se perder numa busca incurável por respostas precisas do que admitir que não sabem, que têm medo? Será que é só para manter uma imagem que dá a “falsa” sensação de proteção? Ou será que é porque as pessoas preferem construir muros em vez de pontes?

As pessoas não têm mais coragem de se expor, de tornar visível a sua fragilidade, os seus sentimentos... Preferem a fortaleza da razão do que a fragilidade da exposição. Mas o resultado é que, mergulhando em tantos falsos conceitos, as pessoas acabam se perdendo não só uma das outras mas, principalmente, perdendo de si mesmas. E o resultado é um grande e frio vazio que reflete um silêncio indescritível designado muitas vezes como solidão. Este grande vazio remete a uma saudade desesperada de nós mesmos. Aqui me permito um ‘parênteses’ para citar algo que li e que, numa simples frase, expressa bem o sentir-se só: solidão é a ausência de nós mesmos e de ninguém mais. É preciso desnudar a alma, deixar cair todas as máscaras, baixar a guarda e levantar a bandeira da paz. Devemos entender que muros não levam a lugar nenhum, enquanto pontes são vias de mão dupla para quem quer não só receber, mas compartilhar também.

por Flávia Ferreira

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

SABER VIVER

Autenticidade, simplicidade, plenitude, respeito! Quatro palavrinhas capazes de produzir um efeito considerável na vida de quem conseguir não só aprendê-las, mas praticá-las durante a incessante busca do conhecimento e amadurecimento interior. Com elas eu aprendi a viver a vida no sentido absoluto da palavra. Aprendi que o sofrimento toma conta de mim quando vou contra as minhas verdades. Sinto-me triste e angustiada porque deixei de ser autêntica. Ser autêntica é ser digna de fé. Aprendi que ser simples não é ser tola ou parva. É fazer o que acho certo, o que gosto, quando quero e sempre no meu próprio ritmo. Isso também é viver em plenitude. Desisti de reviver o passado e preocupar-me com o futuro. Agora vivo o presente, pois é hoje que tudo acontece. O ontem já se foi e o amanhã talvez nem virá. A conseqüência deste agir é uma profunda e singular paz interior. Aprendi que só estando em paz comigo mesma, consigo ser feliz e fazer outro alguém feliz.

Há momentos em nossas vidas em que precisamos tomar muitas e, às vezes, definitivas decisões. É hora de parar e compreender o quanto é nocivo forçar alguém ou alguma situação só para realizar o que queremos, mesmo sabendo que cada um tem a sua hora. A tristeza, a dor e o sofrimento podem ser intensos, mas jamais serão eternos. Aprendi que o meu momento nem sempre é o momento do outro e nem posso querer que seja. Isso se chama respeito. Tenho absoluta certeza de que ainda tenho muito para aprender nessa vida; muito a ganhar, muito a perder, muito a dividir, seja com um outro, seja com outros. Mas sei também que se eu conseguir colocar a minha mente a serviço do meu coração, a minha razão tornar-se-á uma grande aliada e não mais uma rival.

São estas quatro palavrinhas que, juntas, fazem toda a diferença em qualquer processo de maturação. AUTENTICIDADE, RESPEITO e PLENITUDE para SABER VIVER com SIMPLICIDADE esta breve seqüência de fenômenos que se renovam em ordem constante chamada VIDA.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

PERDÃO: MAIS QUE UM ATO, UM IDEAL DE AMOR

“Ama teu próximo como a ti mesmo”. Um valioso preceito, talvez o mais difícil dos mandamentos de Deus. Mas como falar de perdão sem falar de amor? Impossível, pois são sentimentos genuinamente interligados. Sabemos que o amor é o principal mandamento divino. Com amor perdemos o medo, vivemos sem angústia, sem amargura, sem rancor. E quem ama mostra que Deus existe em seu coração. Mas como amar aqueles que nos fazem mal?

Eu sempre me senti muito culpada por não conseguir perdoar, meramente porque não entendia a essência do perdão, o seu real significado. A palavra grega traduzida como "perdoar" significa cancelar ou remir. Isso para mim era muito difícil, pois achava que perdoar era esquecer o mal que a pessoa havia me feito e fingir que estava tudo bem. Mas isso é muito penoso e não é solução para nenhum problema. Apenas repetir essas palavras: “Eu te perdôo” ou “Eu perdôo fulano”, nunca trouxe paz nem tranqüilidade para minha vida, por que no fundo eram apenas palavras e não sentimentos verdadeiros. Muitas vezes me senti realmente prejudicada, vítima das situações. O perdão não elimina esse fato, mas o torna menos importante. Não podemos escapar de todos os males. Ninguém está imune à maldade das pessoas ou às injustiças. Mas podemos parar de nos sentirmos vítimas e encarar os acontecimentos de outra maneira.

Mas é preciso preparar o coração para perdoar. Antes de tudo é imprescindível a aceitação: Aceitar a injustiça, a dor da decepção, a deslealdade. Não só aceitar que estamos tendo esses sentimentos, mas senti-los verdadeiramente. Depois devemos nos esforçar, e é um esforço soberbo, de imaginar por que a pessoa fez isso, lembrando que nem sempre existe uma resposta para certas atitudes. Por isso devemos considerar também que nada garante à partida que uma boa intenção não decaia e transforme-se em algo atroz. Mas, ao fazer isso, vamos mudando, nos libertando e o sentimento negativo se dissipa.

Quando somos machucados em nosso íntimo, em nossa alma, em nossos sentimentos, a nossa tendência é manter a raiva e alimentar o ódio. Isso só faz crescer a mágoa e afastar as pessoas. Hoje eu entendo que compreender não é desculpar, assim como perdoar não é esquecer. Perdoar não significa necessariamente que eu tenho que reconciliar-me com quem me magoou, nem tornar-me cúmplice deste alguém. Quando Deus disse para amarmos o próximo como nós mesmos, ele quis dizer para não fazermos nem desejarmos ao outro aquilo que não queremos que desejem ou façam conosco. Portanto, perdoar é simplesmente não desejar, nem querer o mal, a quem nos fez mal, por mais grave que tenha sido a agressão.

Visto por este ângulo, na minha concepção o perdão passou a ser um sentimento muito mais fácil de lidar e finalmente consegui perdoar todos aqueles que me machucaram. Minha alma e meu coração foram libertos de sentimentos negativos e pesados. Podemos e devemos entender que o problema não vai simplesmente desaparecer, mas pode parar de doer se formos capazes de perdoar. Isso implica que, mesmo tendo sofrido algum mal, podemos ficar em paz. E, ao contrário do que muitos pensam, o perdão não deixa livre quem nos magoou, ele liberta sim, mas é a nós mesmos. Hoje me sinto mais leve, mais feliz.


“Quem perdoa uma ofensa mostra que tem amor, mas quem fica lembrando o assunto estraga a amizade.” (Prov. 17.9) Este versículo da bíblia nos ensina que quem perdoa tem amor e que amar é perdoar sempre. Então, a partir da minha própria experiência, e de todos os sentimentos que vivi com e sem o perdão, eu arriscaria dizer que perdoar é a realização do amor. Em vista disso, quem ama e quer ser feliz deve praticar o perdão. Lembre-se de que ser feliz é uma escolha diária. A felicidade não pode ser obtida a partir de alguém ou de alguma coisa, ela só pode ser encontrada em um único lugar: dentro do nosso próprio coração.

por Flávia Ferreira

NO “MÁXIMO” UMA VIAGEM

(comentários sobre textos do blog “no mínimo uma viagem”)

Já que este é um ambiente onde se pode tudo, então pensei, senti, critiquei, reclamei, aclamei, transgredi, mudei e resolvi expor algumas poucas e singelas idéias a respeito do pensamento deste nobre caixeiro viajante. Minha intenção aqui não é de zurzir ou tampouco contristar o cavalheiro, apenas de desfraldar pensamentos que talvez nenhum sentido tenham para ele, mas para outros, no mínimo, podem ser uma grande viagem.

Mudança. Desprendimento. Renúncia. O início de tudo! A pessoa terá sempre que abdicar de alguma coisa para ganhar outra. Isso é fato! É como plantar uma árvore frente a uma janela... Ganha-se sombra, mas perde-se uma parte da paisagem. No pensamento do nosso amigo viajante nós precisamos olhar pra frente, não pensar no que largamos e sim no que conquistamos. Aprender com os erros para não repeti-los. Claro, desde que isso se torne exceção e não a regra de nossas vidas, pois nem sempre o que deixamos para trás são erros. Como saber? Como dizer? Se ficarmos aguardando sempre outra bifurcação para escolher um novo caminho, nunca teremos uma estória de verdade e sim vários capítulos de um livro que não tem fim.

Mas a vida não pode ser uma narrativa de ficção. O tempo passa, as pessoas mudam, as oportunidades batem à nossa porta. Elas se vão e nem sempre voltam... E essa incessante e inconstante busca pelo desconhecido, pelo novo, pode deixar-nos cegos a essas oportunidades, muitas vezes únicas, para as quais esquecemos ou simplesmente deixamos de abrir a porta. Mas como não devemos olhar pra trás e somente seguir em frente, isso não importa, não é mesmo, caro amigo? Para você, assim como para poucos, sim, mas para mim e muitos outros, não. Desculpe, aqui hei de discordar de seu pensamento.

Sair. Voltar. Sorrir. Chorar. Sim, o retorno é ainda melhor que a partida. O reencontro, os afagos, os carinhos, as sensações, os sentimentos. Isso tudo é maravilhoso. Mas a certeza de que tudo vai estar como sempre foi e de que as pessoas vão continuar do mesmo jeito que as deixamos inexiste. Não seria um tanto incoerente e contraditório com a idéia de felicidade que traz o novo, o incerto? Se a confirmação de que pode sair porque pode voltar é tão forte, caro viajante, acredito ser este um desejo inconsciente de nunca ter saído. A idéia de que “só vou sair porque sei que quando voltar tudo estará no lugar” é a negação de todo sentimento que o tal ‘desconhecido’ proporciona. É uma fuga da real vontade de ficar e tentar. Por isso a razão torna-se uma grande aliada, pois racionalizando sentimentos encontram-se justificativas que permitem acreditar que o correto foi feito.

Assim é a vida. Cercada de encontros e desencontros. E já que aqui também é permitido o furto de idéias, resguardo-me o direito de citar o que um amigo certa vez me disse: O encontro humano é tão raro que, quando surge, vem carregando todas as experiências de desencontro que a pessoa já teve. É a experiência de tantos desencontros, o que marca os raros encontros que a vida nos permite.

O primeiro porto. Muitas vezes não acertamos os lugares de guardar as coisas. Isso ocorre principalmente com os sentimentos. Grandes sentimentos são guardados em lugares tão pequenos que não acreditamos que ali caibam tantos sonhos e lembranças. Já em outros casos, reservamos grandes espaços para pequenas coisas. O tamanho físico, na realidade, não importa muito. O que realmente devemos considerar é o valor sentimental, sendo objeto ou não. Esses espaços na nossa alma, como disse certo escritor, são vales de silêncio, paraísos secretos invioláveis, onde sonhamos e vivemos essas pequenas coisas só nossas.

As pequenas coisas guardadas em grandes espaços podem se expandir de acordo com nossa vontade e imaginação. Já as grandes coisas guardadas em pequenos espaços, aos poucos, vão se dissipando até deixar um grande vazio na nossa alma. Nós é que devemos determinar o espaço dos lugares onde vamos guardar as coisas que nos importam, porque esse vazio, depois de deixado, nada nem ninguém jamais consegue preencher.

Viver de incertezas! O momento. Não posso negar que nosso querido viajante poeta tem toda razão num sentimento que se instala dentro de nós e que é difícil de explicar. Talvez nem tenha explicação, como todo sentimento, deve apenas ser sentido e pronto. Mais uma vez citando meu nobre amigo, arriscaria chamar tal sentimento de uma tristeza feliz. Mas como? Esta não deriva de grandes dores, perdas ou amarguras, mas ela associa-se ao momento bom, como perda inerente a cada encontro, como sentimento de certeza de que tudo aquilo passará. É a consciência de não ter na hora de ter. Talvez seja este o combustível que dá forças para continuar a jornada.

Por que então abraçar uma nova oportunidade que logo logo tornar-se-á velha e ficará para trás como tantas outras? Para que recomeçar o que nunca teve um começo? Para que retornar se nunca quis partir? Para que partir se nunca vai querer retornar? Todo começo precisa de um meio, de uma continuação, de uma chance, e não necessariamente de um fim. A vida é assim meu caro, uma verdadeira viagem como você gosta de citar, porém uma viagem com data e hora de chegada, mas de partida também...

Não seria essa viagem intrépida da alma de nosso misterioso caminhante uma forma de mascarar seu verdadeiro self? Uma viagem que pode ocultar segredos muito profundos e tornar-se uma espécie de mecanismo de defesa de um ser frágil, inseguro e cheio de medos. Medo de realmente assumir a realidade, assumir compromissos, assumir pessoas, assumir até mesmo lugares, enfim, medo de assumir a VIDA! E como eu disse, a vida é uma viagem com data e hora de chegada e de partida. E nesse mundo tão incerto, talvez seja esta nossa única certeza: o tempo não pára e a vida passa, finda. Portanto, amigo caixeiro, conhecer o desconhecido pode ser desafiador, mas não podemos deixar que ele se torne o parceiro, o companheiro de nossa viagem. Ninguém nasceu para viver só. O ser humano precisa do outro para sua auto-reflexão e amadurecimento. E isso é algo que somente o conhecimento pode trazer. E o desconhecimento, a incerteza, o não se sentir achado, pode ser instigante, mas cada nova decisão no mínimo pode ser também no MÁXIMO uma viagem.

O QUE QUEREM VOCÊS AFINAL?

Que me perdoem as feministas de plantão, mas toda mulher quer casar, isso é fato! Não adianta essa história de que este é um pensamento machista, que não condiz com as vontades femininas. Balela! O ser humano não nasceu para ser uma ilha e sim um continente rodeado por pessoas. Quimérico é quem diz que não quer ter alguém especial ao seu lado.

É claro que nos dias de hoje está cada vez mais difícil encontrarmos a nossa tão esperada “cara-metade”. Na verdade não diria nem encontrar, mas encarar e assumir este alguém especial. Em um mundo tão moderno, parece que as pessoas estão vivendo um retrocesso no que diz respeito ao coração. Ao invés de ousar, preferem recuar diante das oportunidades.

Mas porque? Será que existe realmente uma alma gêmea para cada ser deste planeta? Será que existe o tal sapato velho para cada pé cansado como nos ditos populares? Ou na verdade as pessoas passam uma vida inteira correndo atrás do inocente sonho infantil e deixam de viver a dura realidade adulta? Esperam uma vida inteira pelo príncipe encantado ou pela mulher perfeita sem sequer olhar para dentro de si e enxergar quem realmente são e o que realmente querem e merecem?

E quem é a tal princesinha encantada? É a garota virgem, submissa com cara de bonequinha, que não expressa opiniões e concorda com tudo e com todos? E o príncipe encantado? É aquele rapaz lindo, dos contos de fadas de nossa infância, que luta com unhas e dentes pelo amor da amada, para salvar aquela pobre alma solitária? Depende! Você busca alguém para dividir ou alguém para somar numa relação? É realmente uma escolha. Se você quer uma família “feliz” pelo simples fato de constituir uma família, vá em frente, encontre alguém e divida. É esse o tipo de parceiro/a que busca. Acomode-se.

É o que mais acontece nos dias de hoje. Acomodar é muito fácil, o difícil é continuar construindo, mantendo o respeito, a admiração pelo outro, a cumplicidade entre outros. Talvez por isso muitas mulheres, eu arriscaria dizer até as melhores, estão sozinhas e esse número cresce a cada dia. Não porque faltam homens no mercado, como muitos costumam dizer, mas porque faltam homens de coragem para encarar esse tipo de mulher, que já não aceitam mais o “príncipe encantado” dos contos de fadas.

Perguntas sem respostas, pensamentos espraiados... Essas são apenas algumas idéias divagantes de uma mulher indignada e cansada de tanto ouvir pessoas reclamando, mas que não fazem absolutamente nada para mudar a situação em que se encontram. As pessoas que batem no peito pra dizer: “eu sei muito bem o que quero pra mim”, são as mesmas que na hora de encarar uma verdade, ou tomar uma decisão, saem correndo sem saber o que fazer, ou como fazer. E aquelas que gritam aos sete ventos: “ninguém é de ninguém, nunca vou me casar na vida...”, são as primeiras a aceitar qualquer situação cômoda pelo simples medo de ficar só. Contraditório sim, mas infundado não.

E vai ficando tudo assim, por isso mesmo. O medo e a falta de audácia vão preenchendo os vazios da alma humana. O homem some porque é mais fácil, a mulher não cobra porque não quer parecer uma louca e o mundo vira, literalmente, essa zona, essa bagunça. Os homens querem a mulher perfeita, a mulher ideal. Mas quando se deparam frente a uma delas, desaparecem, somem porque não têm ousadia para encarar. Mas será que é porque para eles a mulher ideal não é a tal princesinha encantada? Pode ser.

Para mim a mulher ideal vai muito além disso. Ela se ama acima de tudo, não perde tempo com futilidades. É aquela que trabalha porque acha que o trabalho engrandece. É independente, corajosa, companheira, confidente, amante, enfim, é aquela que não tem pressa para nada. Sabe aonde quer chegar e aonde vai chegar. E sempre chega!

Não é por ser uma mulher forte que ela se torna bruta, insensível, competitiva e egoísta. A feminilidade e a delicadeza lhe são peculiares, independente de cargos, posição social ou qualquer outro atributo que a ela for conferido. A mulher ideal sabe que não é igual ao homem e não quer, nem faz questão de ser. Ela tem plena consciência do seu papel de mulher e o mais importante: ela não quer estar à frente, nem atrás de um homem, mas, com toda certeza, ao lado.

O mais interessante é que os homens adoram conversar com mulheres assim. Autênticas. Sinceras. Inteligentes. Bonitas. Simpáticas. Isso é tudo o que eles “dizem” procurar em uma mulher, mas na verdade não é o que realmente “querem”. Chegam a marcar encontros, saem, ficam, mas é uma vez só. Como num passe de mágica, todo aquele papo agradável, inteligente e descompromissado desvanece. Quando sentem que as coisas podem ficar sérias, simplesmente somem. Desaparecem. Eis a pergunta que não quer calar: por quê? Porque isso tem que ocorrer?

Por que isso assusta, dá medo, é desafiador, é novo, é desconhecido. Lidar com isso é muito difícil. É preciso ser muito homem para ter uma mulher assim. Aqui permito-me ‘roubar’ as palavras sábias de Machado de Assis: "As melhores mulheres pertencem aos homens mais atrevidos ". Para ele, “Mulheres são como maçãs em árvores: as melhores estão no topo. Os homens não querem alcançar essas boas, porque eles têm medo de cair e se machucar. Preferem pegar as maçãs podres que ficam no chão, que não são boas como as do topo, mas são fáceis de conseguir. Assim as maçãs no topo pensam que algo está errado com elas, quando na verdade, ELES estão errados. Elas têm que esperar um pouco para o homem certo chegar. Aquele que é valente o bastante para escalar até o topo da árvore”.

Então, isso é o que posso dizer aos homens que buscam e querem realmente a felicidade: Escolham a árvore mais alta e, desta árvore, peguem a maçã que está no mais alto dos galhos, pois são muitos os que dizem, poucos os que querem, raros os que tentam e felizes os que conseguem. Boa sorte!

por Flávia Ferreira

domingo, fevereiro 05, 2006

A VIRADA

Às vezes é preciso decepcionar-se para deixar de gostar. Desaprender para poder aprender de verdade e desmazelar-se para procurar ou tirar os meios para passar a vida...

Valeu a pena eh, eh, valeu a pena, eh, eh, sou pescador de ilusões... Pego emprestados os versos do Rappa para começar não só este texto, mas o novo ano e esta nova fase da minha vida. Parece que a música limpa a alma e quando cantamos nos sentimos mais leves, mais vivos. É assim que me sinto hoje e gostaria de transmitir isso a todos vocês, amigos de longas e, porque não, de curtas caminhadas.

Transpor etapas não é nada fácil. As mudanças radicais tão pouco. Mas esta caminhada faz-se necessária e o crescimento, indispensável. Foi assim que o ano de 2005 apresentou-se para mim: um ano de sucessivas e radicais mudanças. Um ano cheio de "DE´s". Desaponto, desapego, descrença, desânimo, decepção, desilusão. Esta pequena partícula 'de' teve um papel decisivo em minha vida neste ano que passou designando várias relações. Mas é também esta pequena palavrinha que impulsiona o desejo de dar a volta por cima quando tudo parece perdido, sem caminhos pra voltar, pois agora é o meu momento de debelar, desbravar, desarmar, enfim, DE amar.

Que 2006 comece cheio dessas certezas e alegrias para todos vocês, meus queridos, sinceros e fiéis amigos, compreendendo que a vida é uma fantástica sucessão de pequenos milagres, mas quando precisamos dos grandes, eles também acontecem, basta ter e ACREDITAR.

" Se meus joelhos não doessem mais
Diante de um bom motivo, que me traga fé, que me traga fé...
Se por alguns segundos eu observar.. e só observar
A isca e o anzol, a isca e o anzol, a isca e o anzol
Ainda assim estarei pronto pra comemorar
Se eu me tornar menos faminto que curioso, que curioso
O mar escuro trárá o medo, lado a lado, com os corais mais coloridos
Valeu a pena eh, eh, valeu a pena eh, eh
Sou pescador de ilusões
Se eu ousar catar na superfície de qualquer manhã
As palavras de um livro sem final, sem final..."