segunda-feira, junho 18, 2007

PERFEIÇÃO OU “PERFICÇÃO”?

Por que será que ainda existem pessoas que insistem em querer alguém perfeito? Não há sensação mais irritante do que você sentir que está sendo posto à prova o tempo inteiro. Essa sensação de ter que pisar em ovos, com medo do que vai falar, com medo do que vai sentir, com medo de agir porque aquelas perguntinhas ordinárias ficam ecoando na mente: “Será que ele(a) ficou chateada com o que eu disse?” “Será que ela(e) não gostou da minha atitude?” “Será que eu estou me esforçando para corresponder às expectativas dele(a)?” Será? Será? Será? Chega! É hora de dar um basta nessa situação. Quem cria as expectativas é você e não o outro. É você que alimenta ilusões. O amor que se idealiza é um amor fantasioso. Muitas vezes criamos tantas expectativas em cima de um “alguém” que pode ser tudo, menos real. Afinal de contas, você se apaixona pelo que as pessoas são ou pelo que você quer que elas sejam? Pode estar acontecendo uma competição acirrada e desleal entre o “ser” tão sonhado e a pessoa que você tem ao seu lado. Pense e reflita.

Quem fantasia demais nunca vai conseguir se realizar emocionalmente porque quanto mais buscar a perfeição, mais se afastará da realidade e, consequentemente, das pessoas. Esse ideal de relacionamento ou de amor só existe na imaginação. O mundo dos sonhos é maravilhoso, mas não podemos viver nele o tempo inteiro. A realidade é outra. As pessoas erram, caem, arrependem-se, levantam-se. Pode até ser que você discorde de mim e diga que encontrou alguém perfeito! Parabéns, mas eu continuo duvidando de que você vá encontrar alguém que corresponda exatamente a tudo aquilo que sempre sonhou. Esse alguém mega, ultra e super maravilhoso não vai estar sempre de bom humor nem será sempre tão compreensivo com seus defeitos. Um dia ele pode e vai errar. Assim como você também. Eu acredito muito no amor. Mas acredito no amor maduro e não idealizado. O amor maduro é exatamente aquele em que se ama a pessoa pelo que ela é, com seus defeitos e qualidades, e não pelo que se gostaria que ela fosse. No dicionário, PERFEITO quer dizer isento de defeitos. Quem nesse mundo não tem defeitos? Pior do que acreditar em alguém perfeito é exigir do outro, algo que nem você mesmo chega perto. Pense nisso!

por Flávia Carvalho

sábado, junho 02, 2007

"O HOMEM É CONDENADO A SER LIVRE"

“É o que posso expressar dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado porque não se criou a si mesmo, e como, no entanto, é livre, uma vez que foi lançado no mundo, é responsável por tudo o que faz”

O paradoxo de idéias lançado por essa afirmação de Jean Paul Sartre enfatiza o peso da responsabilidade de sermos livres. Quanto mais livres, mais atormentados! Parece que o homem está se tornando cada vez mais fraco e refém de sua própria liberdade. Refém porque, ao se deparar com a liberdade, o ser humano se angustia, fica com medo, já que ela - a liberdade - implica escolhas. E só o próprio homem poderá fazê-las. Às vezes seria melhor optar por não escolher. Por isso que alguns preferem permanecer calados e, dessa forma, acreditam que não foram obrigados a optar. Tolice! Até o fato de não agir já é uma escolha; ou seja, estamos escolhendo o tempo inteiro. Não há como fugir. A escolha de adiar os riscos, pensando que assim podem-se evitar erros, culpas ou sofrimentos, talvez acabe adiando apenas a sua própria existência. E como resultado disso teremos um bando de pessoas cada vez mais fracas, individualistas, infelizes e com menos capacidade para amar, pois o amor também é uma escolha. A sociedade contemporânea vem carregando esse peso. Mas, ao que me parece, não o tem suportado bem.

Liberdade é o que todos querem; ou melhor, o que todos dizem querer! Mas, ao mesmo tempo, não conseguem viver com ela. A liberdade assusta! Muitos costumam dizer que antigamente era mais fácil; que a vida era mais simples; que as coisas aconteciam de maneira mais “certa”; que as pessoas eram menos complicadas... Mas o que mudou? Talvez para as gerações passadas fosse mais fácil porque, na maioria das vezes, os outros é que faziam as escolhas por nós. E seguir ordens é mais cômodo, não requer tanto esforço emocional. As pessoas faziam apenas o que lhes era dito e tudo estava resolvido. Assim realmente fica mais fácil. Arriscar-se, procurando ser autêntico e respeitando seus sentimentos, é uma tarefa árdua. Mas nenhum ser humano nasce pronto. Tudo vai depender de nós! Há uma frase de Sartre que diz o seguinte: “O importante não é o que fazem de nós, mas o que nós próprios fazemos daquilo que fazem de nós.” Então não adianta ficar de braços cruzados reclamando, porque a vida não pode e não vai nos dar mais do que aquilo que escolhemos buscar. Claro que dar um passo adiante é assustador e intimida. Assusta porque carrega, no seu todo, rompimentos e decisões que nem sempre temos certeza de que serão boas. E o medo de sofrer acaba nos impedindo de viver. Talvez seja esse medo que leva tantas pessoas a persistirem no erro por tempo indeterminado. Mas e aí, o que resta afinal? Na minha opinião são dois os comportamentos possíveis e, mais uma vez, caberá a nós esta escolha: ou caímos numa inércia de alma quase equivalente à morte, ou nos atiramos de cabeça neste abismo profundo e misterioso que é a vida!

“Liberdade! Essa palavra que o sonho humano alimenta; que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.” (CECÍLIA MEIRELES)




por Flávia Carvalho