sexta-feira, novembro 03, 2006

COMPLICADA OU PERFEITINHA?

“(...) Deixa-me errar alguma vez, porque também sou isso: incerta e dura. E ansiosa de não te perder agora que entrevejo um horizonte. Deixa-me errar e me compreende porque se faço mal é por querer-te desta maneira tola, e tonta, eternamente recomeçando a cada dia como num descobrimento dos teus territórios de carne e sonho, dos teus desvãos de música ou vôo, teus sótãos e porões e dessa escadaria de tua alma (...)” LYA LUFT

Ninguém é perfeito! Quase todos os dias você escuta ou fala essa frase, não é verdade? E já que ninguém é assim, porque será que o ser humano insiste tanto em esperar pela perfeição? No dicionário, a definição de PERFEITO é ‘tudo aquilo que não tem defeito físico ou moral; que tem tudo o que lhe pertence ter.’ Nós estamos em constante processo de mudança e crescimento. Se realmente existisse perfeição em tudo, a humanidade não evoluiria. Nada mudaria simplesmente porque não precisaria mudar. Já que ‘ela’ iguala os seres, na minha opinião, seria um tédio viver num mundo onde não existissem pessoas diferentes. A perfeição é uma utopia! Acreditar nessa idéia quimérica só dificulta os relacionamentos e nos faz sofrer. As expectativas estão altas demais. As pessoas estão sempre cobrando do outro algo que só existe em suas próprias cabeças; por isso tantas separações, tantos desencontros, tantas desistências. É claro que é importante querermos e buscarmos o melhor, mas todos erram, desiludem, decepcionam... Realmente o ser humano é esquisito. Cria um mundo paralelo, com uma espécie de roteiro cinematográfico de cenas irretocáveis, momentos primorosos e vidas ideais. Acaba sofrendo porque esquece que o principal ator e diretor desse filme é ele mesmo, e o outro não tem obrigação alguma de saber ou participar deste enredo.

Eu não acredito mais em perfeição. Acredito em maturidade. Ao invés de buscarmos uma pessoa perfeita, porque não buscamos uma pessoa madura? E a maturidade não é atingida com a perfeição, pelo contrário, quanto mais erramos, mais amadurecemos. Ser maduro é isto: reconhecer que vamos continuar a errar, mas com capacidade de rever nossas atitudes e corrigi-las. Eu mesma, durante muito tempo, quis ser a perfeitinha. Isso não me acrescentou em nada! Hoje sei que não sou perfeita, nem quero ser. Já errei muito e não tenho problema em reconhecer isso. Não tenho vergonha de ser, nem de querer. Não preciso de rótulos e máscaras. Tenho orgulho de me conhecer, de me aceitar e de saber dialogar com meus ‘eus’ interiores quando necessário. Eu prefiro a ‘complicada’ maturidade. Afinal de contas, o complicado nunca será perfeito, a menos que o perfeito seja ‘ser complicado’.

“(...) Deixa-me errar, mas não me soltes para que eu não me perca deste tênue fio de alegria dos sustos do amor que se repetem enquanto houver entre nós essa magia (...)” LYA LUFT


por Flávia Carvalho

4 comentários:

Anônimo disse...

Mais uma vez amei o que vc escreveu. E palavras assim só poderiam ter vindo de uma pessoa tão linda e especial como vc. Fico muito feliz mesmo por saber que vc está bem e que tem feito as escolhas certas. Que presente de DEUS é ter vc como amiga. Um beijo grande da sua amiga e FÃ nº 01.

Zeca-DF disse...

Flávia, estou no sul de minas em Tiradentes (meu refúgio) e agradeço o post no blog. Concordo que o "complicado" não é perfeito e devemos ser "simplesmente" nós mesmos... O coração faz parte do corpo e a cabeça também, mas apenas a alma está dentro de tudo.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

Olá!
Maravilha seus textos, comentários!
Impossível é comentá-los todos.
Estou postando neste mas me referindo ao contexto em geral de tudo que vi em seu Blogger.
Parabéns!
É isso mesmo, estamos sempre a questionar e o importante é estarmos sempre em busca de nossos sonhos!
Eles, nalgum lugar, além do horizonte existem!
Abraços.