terça-feira, julho 11, 2006

SER OU ESTAR? EIS A QUESTÃO!

“... Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação. Como é que se explica que o meu maior medo seja exatamente em relação a ser? E, no entanto, não há outro caminho. Como se explica que o meu maior medo seja exatamente o de ir vivendo o que for sendo? Como é que se explica que eu não tolere ver, só porque a vida não é o que eu pensava e sim outra - como se antes eu tivesse sabido o que era!" (Clarice Lispector)

Por que será que temos tanto medo do novo, do diferente, do desconhecido? Por que ficamos presos a certezas antiquadas apenas pelo consolo de que é melhor não trocar o certo pelo duvidoso? Quase ninguém quer correr riscos. As pessoas preferem a certeza do velho. Já escrevi sobre o medo certa vez. O momento era outro, a razão também. O fato é que hoje escutei algo que me fez pensar novamente sobre este assunto: o MEDO. Pensar em mim, na minha vida, nos meus sonhos... Pensar se realmente tenho algum medo e de que. Mas até o fato de pensar que não tenho medo já é assustador, não? Mas isso é bom. Isso é reflexão. E me faz divagar, devanear. Com isso eu penso, amadureço, cresço. “...óh, sei que entrei sim. Mas assustei-me porque não sei para onde dá essa entrada. E nunca antes eu me havia deixado levar, a menos que soubesse para o que. O medo agora é que meu novo modo não faça sentido? Mas por que não me deixo guiar pelo que for acontecendo? Terei que correr o sagrado risco do acaso. E substituirei o destino pela probabilidade." Confesso que já tive muitos medos nesta vida, mas ela própria (a vida) foi se encarregando de tirá-los do meu coração. Assim como Lispector, aos poucos estou substituindo o destino pela probabilidade. E já consigo aceitar o ‘risco’ do acaso. Hoje acredito que tudo é provável, tudo é POSSÍVEL e PASSÍVEL de ser realizado, basta QUERER! Muitos não querem andar nas nuvens, ou pelo menos tentar. Muitos não querem viver paixões, ou pelo menos tentar. Muitos não querem lutar pelos seus sonhos, pelos seus ideais, ou pelo menos tentar. Muitos não fazem aquilo que têm vontade, nem tentam. Muitos querem apenas ter os pés firmemente plantados no chão e não mais ter que tentar, por medo. Dessa maneira esses muitos acham que assim encontrarão a felicidade. Mas será que a felicidade é algo permanente? Será que é algo para se encontrar? Será que alguém É feliz de verdade ou será que apenas ESTÁ feliz em alguns momentos? Na realidade não existe um manual de “como chegar lá”. Felicidade não se encontra, porque ela não pode estar em lugar algum. Ela deve vir de dentro pra fora. Primeiro: É preciso QUERER ser feliz e depois é preciso ACREDITAR nisso. O resto...é apenas o resto! EU QUERO! E você?

“ A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade. A vida não é de se brincar porque um belo dia se morre" (Clarice Lispector)


por Flávia Ferreira

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu quero e muito! Mas tem tanta gente que foge da felicidade! Adorei seu novo texto, aliás, nem vou ficar falando mais isso porque parece chato. Tudo que vc escreve é sempre tão bom e tão certeiro. Nem te conheço, mas vc parece que lê a minha alma. Esse de hj então... Parece até que adivinhou que estou num dilema. Mas estou com medo de arriscar. Seu texto me fez refletir! Valeu!