quinta-feira, agosto 23, 2007

LOUCURA DISFARÇADA DE SANIDADE

“(...)Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio. Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca...”

Ontem li um texto da Martha Medeiros que definiu o amor como uma loucura disfarçada de sanidade. Uma loucura registrada em cartório, mas que, mesmo permitida e oficializada, amedronta a todos. Achei a definição interessante e parei para analisá-la. Por que será que temos tanto medo de amar? E da paixão, será que fugimos também? A minha impressão é de que o amor assusta sim. Mais até do que a paixão. Talvez seja porque é mais fácil se apaixonar do que amar de verdade. E isso pode acontecer porque o amor é mais exigente do que a paixão. Esta é efêmera, não está interessada no amanhã, no futuro... Já o amor não. Este vislumbra a eternidade, a construção de duas vidas a partir de um chamado do coração. E realmente isso dá medo. Eu até arriscaria dizer que a paixão não escolhe, mas o amor sim.
Amar é investir numa relação de olhos abertos, sabendo o que se quer e como se quer, quais são os sonhos e interesses em comum; é respeitar as divergências; é ceder, fazendo de tudo para que a relação cresça e se fortaleça cada vez mais. Paixão é um investimento de risco, geralmente vivida de olhos fechados, por isso tão efêmera. Então por que dizer que o amor é uma loucura? Aqui entra o paradoxo. Ao contrário da paixão, que se agarra ao presente, só mesmo uma ‘loucura sã’ nos faz querer planejar o futuro. Só em ‘insana’ consciência para querermos mudar radicalmente de vida, dividirmos o mesmo teto, os problemas, as famílias, criar filhos e, ainda assim, continuarmos completamente ‘bobos’ por esse alguém. É mágico, é lindo, é sensacional. A paixão é um casamento de corpos, enquanto o amor... O amor é um casamento de almas!

“E que minha loucura seja perdoada. Porque metade de mim é amor e a outra metade... Também...”

por Flávia Carvalho