quinta-feira, novembro 23, 2006

UM AMOR DE PAIXÃO

“Eu não acho que você tenha medo de morrer, acho que você tem medo é de viver!” (ELSA)

Existem certos livros e filmes que nos marcam de uma maneira intensa. Aqueles que a gente assiste uma, duas, dez vezes e não se cansa. Então, hoje eu gostaria de acrescentar “Elsa e Fred” à minha lista. Este filme é uma linda história de amor. Mas uma história bem diferente daquelas que estamos acostumados a ver nas telinhas. O mocinho e a mocinha em questão têm mais de oitenta anos e nos ensinam a aproveitar o que a vida tem para nos oferecer. É uma história de um amor verdadeiro, de um sentimento tão possível e passível de acontecer! Aquele amor que completa, que preenche e que nos faz sentir vivos! De um lado está um senhor viúvo, hipocondríaco, que só reclama da vida. Está sempre esperando a sua ‘hora’ chegar. Do outro, uma senhora que, mesmo em fase terminal de uma doença grave, acredita que a vida merece ser vivida intensamente, dia após dia, até o fim. Elsa apresenta a Fred um mundo novo, cheio de possibilidades e surpresas. Em pouco tempo ela fez com que ele vivesse e descobrisse sentimentos que em muitos anos nunca foi capaz de sentir. Resumindo: nunca é tarde para começar e para amar! As pessoas planejam tanto o amanhã, que passam a viver por um futuro que talvez nem aconteça. Muitos se esquecem de que o tempo que está acontecendo é o agora. Por isso esta história não é somente uma lição de vida, mas é principalmente uma homenagem à vida e a todas as possibilidades que ela nos oferece de sermos felizes até mesmo quando pensamos que chegamos ao fim da linha. Muitas vezes este ‘fim’ pode ser apenas um belo começo...

"Se leva muito tempo para aprender a ser jovem" (PICASSO)

quinta-feira, novembro 16, 2006

DESISTIR???? JAMAIS!!!

“E já que a dor é o preço que se paga pela chance espetacular de existir, desejo que você ouse, que você pare de se defender o tempo todo e ame, dê o seu melhor, faça tudo o que estiver ao seu alcance, e quando achar que não dá mais, que não pode mais, respire fundo e comece tudo outra vez...” (ROSANA BRAGA)

Por que as pessoas desistem tão facilmente de seus sonhos, de seus ideais, de seus amores e relacionamentos? Esta é um pergunta que me intriga. E não somente a mim, mas sei que a muitas pessoas também. Muitos desistem antes mesmo de tentar. E tudo isso por quê? Com medo do sofrer, com medo da dor, com medo de sair da ‘zona do conforto’? Que medo é esse de ir adiante, de abrir a porta para saber o que está do outro lado? O medo nos enfraquece, nos impede de seguir em frente. Ficar nessa “zona” onde tudo é conhecido e previsível, na minha opinião, é um tédio. Já disse uma vez e volto a repetir: Isso não é viver, é sobreviver. Depois de alguma experiência que não saiu da maneira como queríamos, não podemos simplesmente desistir de tentar mais uma vez. Quem garante que da próxima vez também não irá dar certo? E na próxima depois da próxima? A vida é assim mesmo: uma sucessão de altos e baixos, erros e acertos, alegrias e tristezas, surpresas e decepções. Mas, sobretudo, um contínuo aprendizado! Não é porque não deu certo com um amor que não vou mais amar na vida. Não é porque o outro não me valorizou como eu merecia que ninguém mais o fará. Não pode ser assim. Não podemos desistir. A vida é um grande risco, o amor também é. E se não arriscarmos, nunca saberemos até onde conseguiremos ir.

É uma pena saber que o mundo está rodeado por pessoas que preferem a ‘zona do conforto’. Eu prefiro sentir o frio na barriga diante do inusitado. Prefiro a ansiedade do novo. Enfim, eu prefiro viver e continuar acreditando naquele famoso ditado popular que diz: depois da tempestade vem a bonança. E se o preço da vida é tão alto, que eu não aceite fiado jamais. Que venha de novo toda dor, toda angústia, todo sofrimento que machuca, que deixa marcas no meu coração, que me faz perder o aprumo depois de tantos encontros, desencontros, desenganos e desilusões. Mas que eu nunca deixe de me iludir, de fantasiar! E mesmo querendo tanto acertar, que eu possa errar de novo, machucar-me de novo, sarar de novo, mas, acima de tudo, que eu possa AMAR de novo e, assim, continuar seguindo o caminho desse breve espaço de tempo percorrido entre o nascimento e a morte chamado VIDA!


“...você pode desistir de um caminho que não seja bom, mas nunca de caminhar...Pode desistir de uma maneira equivocada de agir, mas nunca de ser você mesmo...Pode desistir de um jeito falido de se relacionar, mas nunca de abrir seu coração...” (ROSANA BRAGA)



por Flávia Carvalho

quinta-feira, novembro 09, 2006

VOCÊ TOMA O VENENO MAS ESPERA QUE EU MORRA?!?!

"O ódio espuma. A preguiça se derrama. A gula engorda. A avareza acumula. A luxúria se oferece. O orgulho brilha. Só a inveja se esconde."

Sempre existe um momento na vida em que pensamos: Tá bom, já chega. Isso é o bastante! Mas o bastante nunca é suficiente. E outra coisa acontece. Mais uma vez você diz: Agora pronto, não agüento mais. Cheguei no meu limite! Mas qual será nosso limite de fato? Acredito que somos muito mais fortes do que imaginamos. E a cada decepção, a cada sofrimento, vamos descobrindo e redescobrindo uma força interior. Coisas que, antes pareciam tão grandes, agora tornam-se proporcionalmente pequenas. E sentimentos tão traiçoeiros tornam-se dignos de pena. Para mim a inveja é um deles. Mas o que deixa as pessoas invejosas? Será que é solidão? Dor? Descontentamento? Será que são todos esses sentimentos juntos? Quantos olham para sua própria alma? Às vezes me assusto com a cegueira de certas pessoas. A inveja é um sentimento destruidor, muitas vezes fatal. Acredito que ela nasça da incapacidade do ser humano de olhar para dentro de si mesmo e ver o que há de bom em seu interior. São pessoas que não conseguem enxergar nada. Têm uma baixíssima auto-estima.

O invejoso acha que a culpa de seu fracasso é o sucesso do outro. E está sempre torcendo contra a felicidade: a do próximo e a dele também. Isso me faz lembrar algo que li certa vez: (...) quem tem luz própria não precisa apagar a luz de ninguém (...) Às vezes a nossa luz tem um brilho tão forte que incomoda. Por que não buscar um feixe de luz dentro de si, ao invés de tentar ofuscar o brilho de quem está iluminado? Pessoas invejosas não querem o que você tem. É pior. Querem que você NÃO tenha. Que triste! É lastimável! A inveja é um sentimento doloroso e angustiante, porque, com certeza traz consigo um sofrimento, uma impotência que só se mostra interiormente. Por isso dizem que a inveja “se esconde”. Já fiquei muito chateada por sentirem inveja de mim. Já me decepcionei com muitas pessoas, já me surpreendi com outras. Já sofri, já chorei, já falei e já calei. Hoje eu ESTOU diferente, mas não SOU diferente. Repensei os meus conceitos. Agora prefiro acreditar que se alguém me inveja, certamente é porque tenho algo de muito bom.

“A inveja é o mais dissimulado dos sentimentos humanos, não só por ser o mais desprezível, mas, porque se compõe de um conflito insolúvel entre a aversão a si mesmo e o anseio de autovalorização, de tal modo que a alma dividida fala para fora com a voz do orgulho e para dentro com a do desprezo, não logrando jamais aquela unidade de intenção e de tom que evidencia a sinceridade.” (OLAVO DE CARVALHO)


por Flávia Carvalho

sexta-feira, novembro 03, 2006

COMPLICADA OU PERFEITINHA?

“(...) Deixa-me errar alguma vez, porque também sou isso: incerta e dura. E ansiosa de não te perder agora que entrevejo um horizonte. Deixa-me errar e me compreende porque se faço mal é por querer-te desta maneira tola, e tonta, eternamente recomeçando a cada dia como num descobrimento dos teus territórios de carne e sonho, dos teus desvãos de música ou vôo, teus sótãos e porões e dessa escadaria de tua alma (...)” LYA LUFT

Ninguém é perfeito! Quase todos os dias você escuta ou fala essa frase, não é verdade? E já que ninguém é assim, porque será que o ser humano insiste tanto em esperar pela perfeição? No dicionário, a definição de PERFEITO é ‘tudo aquilo que não tem defeito físico ou moral; que tem tudo o que lhe pertence ter.’ Nós estamos em constante processo de mudança e crescimento. Se realmente existisse perfeição em tudo, a humanidade não evoluiria. Nada mudaria simplesmente porque não precisaria mudar. Já que ‘ela’ iguala os seres, na minha opinião, seria um tédio viver num mundo onde não existissem pessoas diferentes. A perfeição é uma utopia! Acreditar nessa idéia quimérica só dificulta os relacionamentos e nos faz sofrer. As expectativas estão altas demais. As pessoas estão sempre cobrando do outro algo que só existe em suas próprias cabeças; por isso tantas separações, tantos desencontros, tantas desistências. É claro que é importante querermos e buscarmos o melhor, mas todos erram, desiludem, decepcionam... Realmente o ser humano é esquisito. Cria um mundo paralelo, com uma espécie de roteiro cinematográfico de cenas irretocáveis, momentos primorosos e vidas ideais. Acaba sofrendo porque esquece que o principal ator e diretor desse filme é ele mesmo, e o outro não tem obrigação alguma de saber ou participar deste enredo.

Eu não acredito mais em perfeição. Acredito em maturidade. Ao invés de buscarmos uma pessoa perfeita, porque não buscamos uma pessoa madura? E a maturidade não é atingida com a perfeição, pelo contrário, quanto mais erramos, mais amadurecemos. Ser maduro é isto: reconhecer que vamos continuar a errar, mas com capacidade de rever nossas atitudes e corrigi-las. Eu mesma, durante muito tempo, quis ser a perfeitinha. Isso não me acrescentou em nada! Hoje sei que não sou perfeita, nem quero ser. Já errei muito e não tenho problema em reconhecer isso. Não tenho vergonha de ser, nem de querer. Não preciso de rótulos e máscaras. Tenho orgulho de me conhecer, de me aceitar e de saber dialogar com meus ‘eus’ interiores quando necessário. Eu prefiro a ‘complicada’ maturidade. Afinal de contas, o complicado nunca será perfeito, a menos que o perfeito seja ‘ser complicado’.

“(...) Deixa-me errar, mas não me soltes para que eu não me perca deste tênue fio de alegria dos sustos do amor que se repetem enquanto houver entre nós essa magia (...)” LYA LUFT


por Flávia Carvalho