terça-feira, fevereiro 14, 2006

SOBRE MUROS E PONTES

No emaranhado de problemas de um mundo tão enredado, as pessoas parecem estar cada vez mais distantes uma das outras, mais distantes de si mesmas e principalmente mais distantes de Deus. As pessoas estão deixando de ser autênticas, transparentes, no próprio sentido literal da palavra. Mas o que é ser transparente em sua essência? Será que é simplesmente ser sincero e não enganar aos outros? Será que é só falar o que se pensa, expressar opiniões? Para mim é muito mais do que isso. Ser transparente vai além da sinceridade. É ter a ousadia não só de falar o que sente, como sente e por que sente, mas também de permitir-se sentir. É algo que se percebe facilmente, é claro, é evidente. Pessoas transparentes são aquelas que deixam perceber um sentido oculto. O indivíduo transparente é como um corpo que deixa passar os raios de luz permitindo que se vejam os objetos através dele.

Mas porque essa é uma tarefa tão difícil e que a cada dia torna-se mais distante de nossa realidade? Porque muitos preferem se perder numa busca incurável por respostas precisas do que admitir que não sabem, que têm medo? Será que é só para manter uma imagem que dá a “falsa” sensação de proteção? Ou será que é porque as pessoas preferem construir muros em vez de pontes?

As pessoas não têm mais coragem de se expor, de tornar visível a sua fragilidade, os seus sentimentos... Preferem a fortaleza da razão do que a fragilidade da exposição. Mas o resultado é que, mergulhando em tantos falsos conceitos, as pessoas acabam se perdendo não só uma das outras mas, principalmente, perdendo de si mesmas. E o resultado é um grande e frio vazio que reflete um silêncio indescritível designado muitas vezes como solidão. Este grande vazio remete a uma saudade desesperada de nós mesmos. Aqui me permito um ‘parênteses’ para citar algo que li e que, numa simples frase, expressa bem o sentir-se só: solidão é a ausência de nós mesmos e de ninguém mais. É preciso desnudar a alma, deixar cair todas as máscaras, baixar a guarda e levantar a bandeira da paz. Devemos entender que muros não levam a lugar nenhum, enquanto pontes são vias de mão dupla para quem quer não só receber, mas compartilhar também.

por Flávia Ferreira

2 comentários:

Anônimo disse...

Flavia;
Hoje, ao chegar em casa, me dei conta que havia recebido, por debaixo de minha porta uma "chave".
Quando me dei conta estava sorrindo à toa, depois de um dia de "muitas novidades". (Achei uma gracinha tudo isto -You are the best!)
Esta "chave" me levou ao seu universo íntimo de idéias, sentimentos e opiniões, realmente me conduzindo a esteira de seus pensamentos mais nobres e muito humanos.
Não sabias que tinhas o dom da escrita e que, de certa forma, iluminava seus amigos com dedicações tão formosas...
Li todas suas postagens. Há, realmente, frases de alto conteúdo moral com que me identifiquei muito e, sua preocupação, no trato de tais assuntos muito te tornas especial.
Tais comentários edificantes, correspondem ainda mais à titulação de teu perfil, aqui expostos.
Espero que possamos nos "falar" novamente.
Beijos.
Deus te ilumine ainda mais!

Anônimo disse...

Eu quero é ser livre!!! Descançar em Deus!!! Cantar com alegria!!! Só isso. Essa é a minha bandeira da paz!!!