segunda-feira, maio 14, 2007

DE SALVADOR À VÍTIMA

“Ninguém pode se sentir seguro com a realidade externa, por que ela é insegura por natureza. A pessoa insegura é aquela que está constantemente buscando controlar a realidade externa para torná-la segura. A pessoa segura é aquela que aceita a sua insegurança.” (BEL CESAR)

Muitas vezes dedicamos nosso tempo em favor de outra pessoa achando que estamos fazendo o bem ao ajudá-la e não percebemos que essa ajuda pode ser, na verdade, uma fuga. Isso mesmo: Uma fuga em exercer responsabilidade sobre nossas próprias vidas. Afinal de contas, é mais fácil cuidar do outro e ajudá-lo, do que a nós mesmos. Isso tem um nome: co-dependência. E co-dependente não é somente aquele que se sente dependente; é também aquele que coloca outra pessoa como dependente e a vida de um passa a girar em torno do outro. É como se você transferisse suas dificuldades e seus anseios ao outro. E é aí que entram algumas relações doentias, não só entre homens e mulheres, mas também entre amigos e entre familiares. São pessoas que nos fazem mal, nos roubam energia, mas, ainda assim, não conseguimos afastá-las do nosso convívio. Os co-dependentes fazem uma espécie de marcação “cerrada” sobre o outro porque acreditam que são responsáveis pela felicidade daquela pessoa que está sendo controlada. Podemos chamá-los de “dependentes emocionais” que, muitas vezes, acabam perdendo sua identidade, já que tentam viver a vida do outro.

Arrisco dizer que um co-dependente vive nos extremos; ora é o grande salvador que está disposto a resolver o problema de todos; ora é a grande vítima quando as coisas não saem exatamente como queria. Na verdade, a ajuda é vista mais como uma recompensa do que como uma troca; os conselhos acabam se tornando imposições e aquele favor certamente será cobrado do outro como se ele tivesse a obrigação de retribuí-lo. Claro que você pode dar conselhos a uma amiga desesperada ou a um amigo aflito. Ajuda saudável de troca é válida sim. Mas essa ajuda é gratuita. Eu me refiro a um outro tipo. Aquela ajuda doentia, castradora, em que um dá e outro “suga”. Insistir em ajudar quem não quer ser ajudado é um bom exemplo disso. Não queira carregar o mundo nas costas. Deixe de querer cuidar tanto dos outros e cuide mais de você mesmo. Ande com suas próprias pernas e reassuma sua vida. Entenda que cada um é responsável pela própria felicidade ou infelicidade! Faça sua parte e pronto. Se a pessoa não quiser escutar ou continuar insistindo no erro, deixe que ela pague o preço de sua escolha. Valorizar alguém que não se valoriza é como ficar andando em círculos: a distância percorrida será grande e o cansaço também, mas o esforço não valerá a pena porque, ao final, apesar da distância percorrida, você não terá saído do lugar!



por Flávia Carvalho

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito profunda a crônica dessa semana Flavinha!!!
Realmente cada um tem a sua missão... de vida, de trabalho... e de sentimento... e somente cada um pode valorizar isso, crescer e amadurecer...
Super bj
Zeca