quinta-feira, abril 12, 2007

DESENROLE!!

"(...) o que quer que você possa fazer, ou sonha que possa, faça-o. A coragem contém em si mesma a força e a magia." (Goethe)

Já pensaram, já falaram e até música já fizeram: "eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também". De uns tempos pra cá vem se consolidando, cada vez mais, uma nova modalidade de relacionamento: o ROLO! Quem será que nunca ouviu essa palavrinha? Quantos não tiveram ou têm um ‘rolinho’? A pessoa pode ter um, dois, três ou mais rolos ao mesmo tempo. Dificilmente se apaixona por algum deles, mas pode acontecer. O que importa nesse tipo de relação é a companhia, o ‘no-stress’; nada de cobranças, cada um no seu canto; se não ligar não importa, afinal de contas, não é namoro. E assim vivem milhares de seres ‘humanos’ mantendo a ilusão de que não estão sós. É normal ter rolos hoje em dia. Parece que anormal é quem não os têm. É a realidade na qual estamos vivendo. Mas, mesmo assim, tenho lá minhas dúvidas de que a ‘real’ seja bem essa. Caso contrário, os sets terapêuticos não estariam cada vez mais disputados, as igrejas cada vez mais lotadas de jovens, os anti-depressivos e ansiolíticos sendo cada vez mais facilmente vendidos por aí. Fica claro que essa realidade aparentemente ‘normal’ não é tão salutar assim.

Ninguém é de ninguém? Eu sou de todo mundo? Todo mundo é meu? Não concordo com isso. Não sou e não posso ser de ninguém porque não sou objeto. Somos pessoas. Estão querendo nos transformar em coisas. Sentimentos estão sendo colocados de lado. Desejos estão sendo esquecidos. Sonhos estão sendo ‘acordados’. Por que precisamos nos convencer e provar aos outros o tempo inteiro que temos uma autoconfiança e uma auto-estima indestrutíveis? Muitos se mostram seguros, cheios de certeza, quase inatingíveis. Muitos vestem máscaras e morrem de medo de mostrar o que realmente são por medo de assim não conseguirem atrair alguém. E isso pra mim é um total desrespeito; não com o outro, mas com nós mesmos! Apesar de vivermos em um mundo inconstante, rápido e mutante, nosso coração não funciona assim. Gostamos de respostas, queremos satisfações. Precisamos de acalento, de paz, de mimos, de aconchego; enfim, precisamos de amor. E o amor não segue esse ritmo frenético que a modernidade tenta impor. Se não pararmos para refletir sobre quais são nossos valores, se realmente estamos indo DE encontro a eles ou AO encontro deles, estaremos cada vez mais suscetíveis, perdidos e, por que não dizer, vazios... Você pode até ter vários rolos, ser de todo mundo, mas enquanto não souber respeitar e viver seus sentimentos vai continuar só; porque a desconsideração de nossos valores e sentimentos representam a ausência de nós mesmos. E essa, meus amigos, ninguém conseguirá suprir!

por Flávia Carvalho

2 comentários:

Zeca-DF disse...

Flavinha!!! é isso ai!!!
Perfeita essa sua crônica...
As pessoas devem mesmo "desenrolar"...
Um bj

Anônimo disse...

Concordo plenamente com o que você escreveu. Um PERFEITO retrato do que se passa na mente de muitas pessoas hoje em dia! parabéns pela sensibilidade dos textos. Ainda não pude ler todos mas os que eu li realmente me identifiquei bastante e fico feliz de saber que ainda há pessoas tão jovens que pensem como você e que acreditam nos sentimentos. Abraço, Rubens